Economia

Entrada do Brasil na OCDE pode gerar US$ 7 bilhões por ano, aponta Ipea

26 abr 2021, 12:09 - atualizado em 26 abr 2021, 13:43
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Caso a candidatura do Brasil seja aceita e confirmada, os estímulos em fluxo de capital devem impulsionar a atividade de comércio exterior (Imagem: Reuters/Akhtar Soomro)

O Brasil tem previsão de crescimento de 0,4% do PIB per capita, por ano, com a eventual entrada do País na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta segunda-feira (26).

O crescimento econômico previsto é de aproximadamente US$ 7 bilhões anuais em geração de bens e serviços.

De acordo com dados analisados e fornecidos pelo Banco Mundial, os autores Otaviano Canuto e Tiago Ribeira apontam que caso a candidatura do Brasil seja aceita e confirmada, os estímulos em fluxo de capital devem impulsionar a atividade de comércio exterior.

A publicação O que o Brasil pode esperar da adesão à OCDE, editada pelo Ipea, apresenta uma série de 13 artigos sobre a candidatura do Brasil como membro da OCDE.

Entre os principais benefícios econômicos listados, os pesquisadores avaliam que a eventual entrada do Brasil na OCDE pode alavancar o processo de abertura para a economia global.

O estudo destaca a possibilidade de contribuir para o aumento do superávit e ampliar a captação de novos investimentos externos no país.

Além disso, o processo pode impulsionar a participação de cadeias produtivas globais, bem como a realização de novos acordos de cooperação com organismos internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Na avaliação de Pedro Silva Barros, pesquisador do Ipea e editor da Revista Tempo do Mundo, os estudos publicados contribuem para fortalecer o diálogo entre acadêmicos e executores de políticas públicas sobre a possível entrada do Brasil na OCDE.

“Os dados, em conjunto com a pluralidade de abordagens presentes na publicação, ajudam a avaliar os potenciais benefícios, custos e desafios para o país, caso a entrada na OCDE venha de fato a ocorrer”, observou.

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Tic-tac

Enquanto Trump era presidente dos EUA, Bolsonaro tentou facilitar o ingresso do Brasil à OCDE, mas não obteve sucesso (Imagem: Alan Santos/PR)

Atualmente, além do Brasil, Argentina, Bulgária, Croácia, Peru e Romênia também pleiteiam a acessão à OCDE.

A entidade conta atualmente com 36 membros, e o aumento no número de candidaturas fez a OCDE buscar a definição de novos critérios para a aceitação de candidaturas.

Em dezembro, a OCDE alertou que o o Brasil corre risco de ter um ‘década pedida’, semelhante como ocorreu nos anos 1980, casos as reformas não sejam aprovadas, e os ajustes fiscais e o cumprimento das regras de gastos públicos fiquem à deriva nesta gestão.

Mais cedo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), escreveu no Twitter que, as duas Casas do Congresso Nacional têm o compromisso de votar ainda neste ano as reformas administrativa e tributária.


O Brasil apresentou formalmente sua candidatura em 2017 com o objetivo de implementar avanços na agenda de política econômica externa.

Enquanto Donald Trump era o mandatário dos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro tentou costurar com sua proximidade com o então parceiro político a entrada facilitada do Brasil na OCDE.

A tentativa do Brasil de ingressar no clube vinha encontrando resistência em Washington, e com Joe Biden no comando da Casa Branca, Bolsonaro agora joga sem aliado internacional.

Com informações do Ipea