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Entenda mais sobre IDOs, as novas formas de financiamento de projetos cripto

23 maio 2021, 11:00 - atualizado em 21 maio 2021, 14:30
IDOs estão facilitando o caminho de liquidez para startups cripto enquanto impulsionam o preço do ether (Imagem: Freepik/vectorjuice)

O ecossistema cripto esteve aproveitando a onda de um novo modelo de oferta de tokens que está transformando a forma como projetos blockchain estão impulsionando seu crescimento e arrecadando fundos pela comunidade.

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O que é uma IDO?

Uma oferta inicial de finanças descentralizadas (IDO, na sigla em inglês) é um método para lançar tokens usando formadores automatizados de mercado (AMMs) de corretoras descentralizadas (DEXs), como a Uniswap, na rede Ethereum.

IDOs também são chamadas de “Listagens Iniciais na Uniswap”, “Ofertas Iniciais de ‘farming’” e “Ofertas Iniciais de ‘Pools’”, apesar de “Oferta Inicial DeFi” ou “IDO” serem os termos mais usados.

DEXs, como a Uniswap, oferecem vantagens específicas para projetos que visam arrecadar fundos por meio de vendas de tokens, incluindo listagens apermissionadas — ou seja, permitem que qualquer um possa participar e interagir.

Existem dois tipos de contratos que fazem parte do mecanismo de negociação da Uniswap e de seus clones, como PancakeSwap, da Binance Smart Chain (BSC).

Contratos de câmbio (ou “exchange contracts”) possuem um pool de um token específico e uma contraparte com a qual usuários podem converter tokens.

Já contratos de fabricação (ou “factory contracts”) gerenciam a criação de novos contratos de câmbio e registra novos endereços de tokens padrão ERC-20 ao registro da Uniswap.

O que são tokens?

Não existem taxas de listagem ou processos de verificação para acrescentar tokens na Uniswap. Em vez disso, qualquer usuário pode solicitar o contrato de fabricação para registrar um novo token.

Um usuário que deseja acrescentar um token usa uma função chamada “criar câmbio” (ou “create exchange”), que envolve o registro do endereço para um token ERC-20 para o qual um usuário queira criar um mercado.

A função faz com que o contrato de câmbio verifique o registro da Uniswap para ver se um contrato já existe para esse token. Se nenhum contrato de câmbio para o token estiver listado, o contrato de fabricação cria um contrato de câmbio e registra o novo token ERC-20.

Plataformas de pools de liquidez, como Uniswap, se tornam cada vez mais o sistema escolhido para a distribuição dessa nova classe de tokens DeFi, e o volume negociado nessas DEXs disparou em 2020 e 2021.

A vantagem de lançar um token em um formador automatizado de mercado de uma DEX

Rápido crescimento de volume na Uniswap (Imagem: Dune Analytics)

Corretoras de formação automatizada de mercado (ou AMMs) não usam livros de oferta como corretoras tradicionais — onde compradores estão conectados com vendedores individuais. Em vez disso, corretoras, como a Uniswap, usam um método alternativo para liquidar negociações com criptomoedas.

Em vez de formar um par de compradores e vendedores, tokens são comprados e vendidos a uma taxa determinada por uma curva de ligação (“bonding curve”).

Com esse mecanismo, tokens são adquiridos se o preço subir e, conforme tokens são vendidos, o preço cai. Em ambos os casos, a taxa de câmbio é determinada por uma curva de oferta em vez de um mercado com ofertas feitas por compradores e vendedores.

Contratos de câmbio contêm um pool de tokens ERC-20 específicos e um token de contraparte (como ETH, USDC etc.). Se há uma oferta de ambos os tokens, uma negociação pode acontecer com um preço automaticamente gerado com base na oferta e na demanda.

O usuário não precisa se preocupar em se conectar com outro negociador para realizar um câmbio ou especificar um preço.

Já que o preço e as contrapartes não precisam ser consideradas e a negociação acontece automaticamente, lançar um projeto via uma IDO ou um AMM de uma DEX é um processo mais fácil de arrecadar capital do que outros modelos de ofertas de tokens, como ofertas iniciais de moedas (ICOs) e ofertas iniciais de corretoras (IEOs).

ICOs x IDOs

ICOs eram o equivalente a uma oferta pública inicial (IPO) do mercado tradicional, a fim de encontrar uma forma de arrecadar fundos (Imagem: Freepik/macrovector)

Com o modelo de ofertas iniciais de moedas (ICOs), popularizado entre 2017 e 2018, projetos realizavam vendas de tokens por meio de um site, onde custódia e transferências do token eram baseadas em confiança, e não em contratos autônomos ou infraestruturas pré-fabricadas, como a Uniswap.

Isso exigia o desenvolvimento e a gestão de um site centralizado apenas para a realização da venda.

Quando a venda era realizada, outro grande diferencial com o modelo de ICO era que, após o fim da venda de lançamento, projetos ainda precisavam encontrar uma corretora ou um mercado secundário para negociarem seus tokens.

Isso era problemático para projetos financiados via ICO, pois grande parte das corretoras cripto mais populares cobravam entre dezenas a centenas de milhares de dólares para integrar um novo token.

A listagem em diversas corretoras centralizadas exigia a obtenção de acesso para que um número suficiente de investidores ativos integre liquidez suficiente para pares de negociação. Era uma experiência cara e demorada.

Com IDOs, um mercado de negociação é criado ao mesmo tempo que um token é lançado, pois a criação de mercados secundários é automática e apermissionada em AMMs descentralizados.

Isso resulta em um mercado ativo para a negociação e em uma liquidez imediatamente acessível a participantes após a venda inicial do token — solucionando problemas como liquidez e incerteza de preço.

ICOs eram aplicadas principalmente por meio do padrão de protocolo ERC-20 da Ethereum e, rapidamente, se tornou o caso de uso mais popular da rede. Eram um fator essencial no aumento de preço do ether (ETH) em 2017.

Investidores que queriam acessar oportunidades exclusivas de fluxos de negócio precisavam acumular ether para participar de ICOs.

Isso também resultou em novos usuários e atividades de transação no blockchain Ethereum, criando um looping positivo de feedback que impulsionou o preço da criptomoeda.

IDOs, assim como ICOs, também tiveram um papel na propulsão de preço do ether durante a tendência de alta mais recente. Tokens lançados por meio de IDOs oferecem rendimentos agressivos parecidos com ICOs e fizeram com que usuários criassem contas na Ethereum e realizassem transações na rede.

É importante mencionar que existem outros fatores por trás do impulsionamento do preço do ether, incluindo os crescentes setores DeFi e de tokens não fungíveis (NFTs) e um crescimento na interoperabilidade entre blockchains, permitindo que novos projetos se conectassem à Ethereum.

Porém, dessa vez, a febre de ofertas de tokens está se expandindo para outras plataformas blockchain — principalmente para o Binance Smart Chain (BSC).

Na primeira grande IDO na Uniswap, UMA, em 23 de abril, o preço do ether havia subido 2.227%. Desde a primeira grande IDO na PancakeSwap, BLINk, em 20 de novembro, o preço da binance coin (BNB) subiu 2.313%.

Estudo de caso de IDO: UMA Protocol

A plataforma UMA criou o token sintético ETHBTC para que contratos financeiros firmados no blockchain da Ethereum não dependam de oráculos de preço (Imagem: Medium/UMA Project)

Em dezembro de 2018, a plataforma descentralizada de contratos autônomos Universal Market Access (UMA) foi lançada.

O protocolo UMA fornece tokens sintéticos sem preço, que são tokens ERC-20 apoiados por garantias que podem rastrear qualquer coisa sem precisar de um feed de preço contínuo no blockchain a partir de um oráculo.

Em maio de 2020, o projeto lançou seu primeiro token sintético ETHBTC. O token rastreia a proporção entre o preço do ether e do bitcoin (BTC), permitindo que investidores possam comprar ou vender o preço do ether contra o do bitcoin.

Em abril de 2020, o protocolo UMA anunciou planos de lançar um novo token de governança chamado UMA via listagem inicial na Uniswap ou IDO.

O token foi criado para dar aos detentores a capacidade de governar parâmetros importantes do protocolo, além de ajudar a solucionar disputas de contratos ao preencher solicitações de preço por meio do Mecanismo de Verificação de Dados (DVM) do projeto.

A rede UMA paga uma recompensa inflacionária a detentores do token que participarem da governança e responderem de forma precisa às solicitações de preço. Essa recompensa não é paga a detentores de tokens que não participam, penalizando participantes inativos.

Para o lançamento do UMA, os apoiadores do projeto selecionaram 2 milhões de tokens UMA — 2% do fornecimento inicial de 100 milhões de UMAs — e abriram um pool de liquidez na Uniswap.

A equipe acrescentou aproximadamente US$ 535 mil em ether ao pool. Isso deu ao UMA um preço inicial de cerca de US$ 0,26.

O modelo de curva de ligação da Uniswap fez com que investidores iniciais se preparassem para adquirir o token UMA, seu preço rapidamente subiu.

Além disso, alguns investidores do UMA decidiram passar na frente ao pagar por custos mais altos de taxas. Isso fez com que o preço do UMA disparasse para mais de US$ 2, minutos após seu lançamento, antes de se estabilizar em US$ 1,20.

O próximo passo das IDOs: pools de tokens e curvas de liquidação com verificações

Um contrato de ligação emite seus próprios tokens por meio de funções de compra e venda (Imagem: Freepik/macrovector)

Outra evolução da IDO chegou com o lançamento de plataformas específicas para IDOs, como Polkastarter, BSCstarter e Samurai.

O que diferencia lançamentos de tokens nessas plataformas de tokens lançados na Uniswap e no PancakeSwap é o processo de verificação para a listagem de tokens nessas plataformas.

Na Polkastarter, por exemplo, o processo de inscrição é supervisionado pela equipe da Polastarter e de seu conselho, que inclui membros da Huobi, Polygon, Alchemy e outros investidores e empreendedores.

BSCstarter é uma plataforma descentralizada de financiamento para protocolos do Binance Smart Chain. Se diferencia de outras plataformas de lançamento por ser completamente governada pela comunidade.

Possui poucos requisitos de conformidade para projetos que visam entrar para essa comunidade. Em vez disso, opta por um sistema onde a comunidade BSCstarter determina quais projetos valem a pena listar usando sua auditoria coletiva e suas próprias pesquisas.

O sistema alavanca a prudência do conceito de contribuição para que seja a verificação de projetos possivelmente desfavoráveis.

Qualquer um pode se inscrever no BSCstarter para o lançamento de um token na plataforma. Após o envio da solicitação, um contrato pré-venda é gerado com base na regra do projeto de token.

Membros da comunidade que possuírem um saldo específico de START, o token nativo da BSCstarter, terão a oportunidade de realizar a auditoria de projetos enviados. Podem votar “sim” ou “não” e, quando um voto é enviado, não pode ser alterado.

Projetos que recebem mais votos de “sim” do que votos de “não” e receberem pelo menos 10% do fornecimento total de tokens START como um voto de “sim” receberão aprovação para começar sua venda.

IDOs deste mês

– 16 de maio de 2021: nós da 0x no Samurai/CyberFi

– 18 de maio de 2021: Ethermon no Polkastarter

– 26 de maio de 2021: Ceres no Polkastarter