Entenda como o caso Marielle voltou à tona
O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), e de seu motorista, Anderson Gomes, voltaram a pautar as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público nesta semana.
A novidade é a delação do ex-policial militar Élcio Queiroz, que estava preso desde 2019, e cujos relatos abriram a nova fase de investigação, batizada de Operação Élpis.
O caso envolve quatro personagens centrais:
- O ex-PM Ronnie Lessa, suposto autor dos disparos contra a vereadora; preso desde 2019;
- O ex-PM Élcio Queiroz, que afirma ser o motorista de Ronnie Lessa na hora dos disparous; preso desde 2019;
- O ex-PM Edimilson Silva, conhecido como ‘Macalé’, que teria intermediado a ‘encomenda’ do assassinato com os autores do crime. Ele foi executado em novembro de 2021;
- O ex-bombeiro Maxwell Simões, o ‘Suel’, que teria planejado o crime e vigiado Marielle; preso na última segunda-feira (24);
Élcio e Ronnie ainda devem ser julgados pelo Tribunal do Júri pelo crime, mas ainda não há definição sobre a data do julgamento.
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A delação
O ex-PM Ronnie Lessa não era um policial militar ordinário, mas um ex-soldado do Bope (Batalhão de Operações Especiais) do Rio de Janeiro, e comandaria uma quadrilha conhecida como ‘Escritório do Crime’. Ele seria comparsa do ex-PM Élcio Queiroz (o delator). Ambos estavam presos por suspeita de participação no crime contra a vereadora.
Segundo a Polícia Federal, Élcio teria perdido as esperanças de uma eventual absolvição, pois acreditava na ausência de provas sobre o caso. Isso mudou após o órgão revelar a ele detalhes das investigações sobre Ronnie Lessa.
Na delação, Élcio Queiroz afirma que dirigiu o carro com Ronnie Lessa, e que este teria atirado contra o carro de Marielle Franco noite do dia 14 de março. Morreram Marielle e seu motorista, Anderson Gomes.
O ex-policial também afirmou às autoridades que o ex-PM Edimilson Silva, conhecido como ‘Macalé‘, teria intermediado a encomenda do crime com Ronnie, e que o ex-bombeiro Maxwell Simões, o ‘Suel’, teria planejado a rota para a execução da vereadora, além de ajudar a ocultar as armas do crime. Ele foi preso e transferido para um presídio federal em Brasília, nesta terça-feira (25).
A polícia ainda não concluiu a motivação do crime, que aponta para um possível mandante. À época, a vereadora mobilizava esforços contra empreendimentos milicianos no Rio de Janeiro. Marielle se opôs à regularização de loteamentos clandestinos de milícias em Rio das Pedras, famoso reduto miliciano da capital carioca.
Élcio afirma, em delação, que viu um ‘acréscimo muito grande no patrimônio‘ de Ronnie Lessa depois do assassinato de Marielle. Ele afirma que o ex-PM, que morava no Condomínio Vivendas da Barra, tinha dois carros de luxo (Um Range Rover Evoque e uma Dodge Ram blindada) e uma lancha, além de duas casas e um terreno.