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Entenda como funciona o circuit breaker, mecanismo para conter a volatilidade

09 mar 2020, 10:36 - atualizado em 09 mar 2020, 10:36
O caso mais recente em que o circuit break foi acionado pela B3 foi em 2017, mais especificamente no dia 17 de maio, conhecido como Joesley Day (Imagem: Unsplash/@adamaszczos)

A disseminação do coronavírus, especialmente na Itália, que colocou uma série de cidades do Norte do país em quarentena, e a guerra entre a Arábia Saudita e a Rússia no mercado de petróleo têm o potencial de derrubar o Ibovespa no pregão desde segunda-feira (9).

O mercado tentará balizar o impacto do surto de Covid-19, que fez com todos os principais índices da Europa caíssem em mais de 6% na pior movimentação intradiária desde o pânico de 2008, e do conturbado mercado de petróleo, que derrubou o preço do Brent em 20%.

Para evitar uma oscilação extrema nos ativos, a B3 poderá ativar o circuit breaker, mecanismo que suspende a negociação para proteger os papéis contra a excessiva volatilidade.

O caso mais recente em que o circuit break foi acionado pela B3 foi em 2017, mais especificamente no dia 17 de maio, conhecido como Joesley Day, a revelação de uma gravação que o então presidente Michel Temer encorajava a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha e o operador Lúcio Funaro ambos presos pela Lava Jato derrubou o Ibovespa no pregão daquele dia.

Entenda abaixo como funciona o mecanismo:

10% – Se o índice variar mais de 10% em qualquer direção, os negócios são interrompidos por 30 minutos

15% – No retorno às atividades, se o Ibovespa atingir 15% de variação sobre o fechamento anterior a B3 poderá suspender o pregão por uma hora

20% – Caso a variação atinja 20%, a B3 poderá interromper por tempo indefinido a negociação.

Não há a aplicação de circuit breaker na última meia hora de pregão.

Considerando o fechamento de sexta-feira (6) a 97.996, a variação de 10% representa romper os 88.197 na margem inferior ou os 107.796 pontos. Os 15% representam 83.197 pontos e 112.696 pontos, enquanto os 20% correspondem a 78.397 pontos e 117.596 pontos.

Crise de 2008

O mecanismo foi adotado em cinco ocasiões durante a crise global em 2008, em 29 de setembro e em outubro, nos dias 6, 10 15 e 22. A maior variação diária ocorreu no dia 6 de outubro, quando o índice afundou 15,5% na mínima do dia.

circuit breaker também foi acionado nas vésperas da adoção do câmbio livre, em 13 e 14 de janeiro de 1999 e em diversas vezes em 1998 durante a crise russa e no ano anterior, na crise asiática.

Em 11 de setembro de 2001, após os atentados às torres gêmeas em Nova York, a Bovespa suspendeu o pregão definitivamente às 11h15 quando o índice cedia 9,18%.

No mesmo ano, nos dias 13 e 28 de outubro e em 24 de novembro, a variação máxima para o positivo foi atingida com o Ibovespa superando os 14,6% no dia 13.

Ações em leilão

Já os papéis também podem entrar em leilão se registrarem uma variação grande em relação ao fechamento anterior. Variações acima de 3% já podem desencadear leilões curtos de 5 minutos de duração, que podem chegar até 30 minutos caso cedam mais de 50%.

Durante o leilão apenas são registradas ofertas de compra de valores iguais ou maiores que o da ação no momento da suspensão. Não há limite de vezes que um ativo pode entrar em leilão.