Entenda como a morte de presidente do Irã afeta as relações com o Brasil
Neste domingo (19), o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, morreu em um acidente de helicóptero, durante viagem acompanhado com o ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, e outros passageiros.
Dessa forma, o vice-presidente, Mohammad Mokhber, assumirá o cargo de presidente interino do país. O líder supremo, Ali Khamenei, aprovou a sucessão de presidência para o vice, Mokhber. Com isso, as relações entre Brasil e Irã podem ser afetadas?
O relacionamento entre os dois países é antigo, desde 1903, e evoluíram positivamente através dos anos. Durante a Revolução Islâmica de 1979, as relações comerciais com o Brasil se aprofundaram, tornando o Irã um importante importador de commodities brasileiras.
Durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, posteriormente, Mahmoud Ahmadinejad, as relações políticas se estreitaram, levando Brasília a tentar negociar junto com a Turquia, um acordo nuclear entre Irã e o Ocidente.
Apesar disso, mesmo com os Estados Unidos recusando o acordo, o Brasil manteve boas relações com o Irã, que se estende aos dias atuais.
De acordo com Gunther Rudzit, professor de Relações Internacionais da ESPM, ainda é cedo para dizer o que poderá mudar nas relações.
Conforme a Constituição iraniana, a escolha oficial para o presidente será através de um conselho composto pelo vice-presidente, o presidente do Parlamento e pelo chefe do poder Judiciário. Portando, ainda não se sabe quais candidatos serão aceitos pelo Conselho dos Guardiões.
Contudo, Rudzit ressalta que, provavelmente, os candidatos estarão alinhados com o regime atual do Irã. Dessa forma, ao que indica, não deverá ter mudanças em termos de política externa, uma vez que quem detém o poder decisório no Irã é Ali Khamenei.
Pontos comuns e de tensão entre Brasil e Irã
Atualmente, o Brasil e o Irã possuem uma série de iniciativas de cooperação em diferentes áreas de interesse comum, sendo elas: energia (hidroeletricidade e energias renováveis), ciência e tecnologia, capacitação industrial, temas sociais, educação, esportes e cultura.
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Além disso, dependendo do governo brasileiro, as posturas de política externa brasileira definem a proximidade entre os países.
De acordo com Gunther Rudzit, o ponto mais alto foi a tentativa do Brasil em negociar o acordo nuclear. Já para o ponto mais baixo, o professor cita o anúncio (sem efetivação) do ex-presidente Jair Bolsonaro em transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém.