Internacional

Enquanto Trump critica Colômbia, China investe bilhões no país

24 jan 2020, 15:10 - atualizado em 24 jan 2020, 15:10
China Ásia Turismo
Trump disse que Duque tem “não fez nada por nós” e ameaçou “descertificar”a Colômbia como parceira na guerra às drogas (Imagem: Unsplash/@zhangkaiyv)

Durante anos, enquanto a China investia pesado na América Latina, a Colômbia – o aliado regional mais próximo de Washington – se destacava como um dos principais países com o menor investimento chinês. Isso está mudando e rápido.

Nos últimos meses, empresas chinesas fecharam acordos para a primeira linha de metrô de Bogotá, uma ferrovia que fará conexão com cidades vizinhas e uma mineradora de ouro, cujo investimento total supera o valor nos 15 anos anteriores, de acordo com o rastreador de investimentos da China do American Enterprise Institute.

Os laços da Colômbia com os EUA, especialmente após o lançamento do programa antidrogas Plano Colômbia em 2000, mantiveram o país voltado para o norte. Mas, com a confiabilidade dos EUA questionada na era Trump, a Colômbia está “diversificando as relações”, de acordo com Margaret Myers, diretora do Programa Ásia e América Latina no Inter-American Dialogue.

“Há alguns anos, havia preocupação em irritar os Estados Unidos ao se envolver mais amplamente com a China”, afirmou Myers. “Mas, certamente, os EUA não têm sido o mesmo parceiro confiável e estável sob a liderança atual do que era antes.”

“Não fez nada por nós”

Embora o presidente colombiano Ivan Duque seja profundamente pró-americano e tenha se unido a Washington para isolar o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, o presidente Donald Trump o atacou em março passado por não conseguir combater o tráfico de cocaína.

Trump disse que Duque tem “não fez nada por nós” e ameaçou “descertificar”a Colômbia como parceira na guerra às drogas. Isso colocaria o país ao lado da Venezuela, o que significa que os EUA suspenderiam a maior parte da ajuda econômica e votariam automaticamente contra empréstimos para a Colômbia de organizações como o Banco Mundial.

A Casa Branca não confirmou a ameaça e, durante uma visita a Bogotá nesta semana, o secretário de Estado Mike Pompeo disse que os EUA valorizam a “importante amizade” com a Colômbia e continuarão a priorizá-la. Ainda assim, os colombianos se preocupam com o futuro.

Em julho passado, Duque visitou Pequim, onde o presidente Xi Jinping assegurou-lhe que a China respeitaria o direito da América Latina de seguir seu próprio caminho de desenvolvimento.

A China, a segunda maior economia do mundo, está em constante busca de novos mercados e fontes de recursos naturais, mesmo que alguns de seus acordos tenham desmoronado em países mais pobres.

Pan Deng, secretário-geral do Centro de Estudos Latino-Americanos do Instituto Charhar, em Pequim, diz que a Colômbia melhorou as condições de investimento estrangeiro e que a China está testando novos modelos unindo-se a consórcios com empresas estrangeiras.

A China diz que não está tentando competir com Washington por influência política, que apenas quer investir.

Na quinta-feira em Davos, Duque foi perguntado em entrevista à Bloomberg se está preocupado com a rivalidade.

“Não vemos isso como uma batalha geopolítica”, respondeu. “Vemos isso como um chamado ao investimento internacional no país. O metrô de Bogotá foi uma licitação pública. Um consórcio chinês venceu porque sua oferta foi a melhor.”

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