Gringos estão mais otimistas com Brasil, diz Safra; 3 ações se destacam
A bolsa brasileira carrega grande dependência dos investidores internacionais. Saber quais papéis esses agentes estão mais interessados pode ser um bom termômetro para se posicionar.
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E apesar de bolsa ainda vacilante, o Safra nota que o otimismo com Brasil aumentou. Os analistas conversaram com clientes nos Estados Unidos e listaram três pontos. São eles:
- as revisões do crescimento do PIB;
- a atualização da Moody’s no rating soberano do país para Ba12
- expectativas de maiores investimentos estrangeiros diretos (IED) no futuro, dada a capacidade do Brasil de produzir bens com baixo carbono incorporado.
Ainda segundo o relatório, alguns clientes ficaram impressionados com o anúncio da Microsoft de um investimento de US$ 2,7 bilhões na região para aprimorar sua infraestrutura de nuvem e IA.
No setor financeiro, são três ações que chamaram a atenção.
Nubank
O Safra nota que o Nubank foi a empresa mais discutida.
“A maioria dos investidores que conhecemos concordou com muitos pontos do nosso relatório, e discutimos alguns deles, especialmente o México e a penetração de alta renda. Foi notável o quão bem eles entendem e estão próximos da tese de investimento”, dizem.
Em relatório recente, apesar de elogiar a qualidade e entrega da fintech, o banco bateu o martelo e estabeleceu em neutra a recomendação, com preço-alvo de US$ 16,50.
“Como tal, não vemos alta suficiente para justificar uma recomendação de compra, mas também não acreditamos que a ação seja cara em comparação com os pares globais”, coloca.
Os analistas calculam o preço sobre lucro em 16,1x e preço sobre valor patrimonial de 4,5 vezes para 2025.
Os investidores também estavam particularmente interessados na exposição da Nu à tendência de apostas esportivas e ao financiamento Pix, perguntando sobre a capacidade da empresa de gerenciar ativamente esses e riscos relacionados em comparação com os incumbentes.
Além disso, houve perguntas sobre novas avenidas para impulsionar os lucros, dado que o México ainda está em um estágio de crescimento e a penetração na faixa de alta renda está progredindo gradualmente.
E os investidores foram além: perguntaram se os Estados Unidos poderiam ser um mercado, caso as entregas forem bem sucedidas no México.
“A visão é que cidades como Nova York, onde vivem muitos estrangeiros, representam uma oportunidade devido às ineficiências do sistema bancário, principalmente em cartões de crédito, cujo processo de aprovação depende
muito da FICO e da TransUnion”.
Bradesco
No caso do Bradesco (BBDC4), houve aumento do interesse, mas com um nível considerável de ceticismo sobre sua capacidade de impulsionar empréstimos sem garantia para pessoas físicas e PME (pequenas e médias empresas).
Além disso, há um entrave com o novo ciclo de alta dos juros, enquanto a concorrência com fintechs pode atrapalhar o cenário.
“Basicamente, os investidores reconhecem que a administração tem mudado ativamente o banco para melhor, mas a questão-chave era “é barato, a chamada de assimetria de avaliação pode funcionar, mas como podemos esperar que a safra de 2024 tenha um desempenho melhor neste ambiente?”
No segundo trimestre, o banco lucrou R$ 4,7 bilhões, alta de 4,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
O número ficou acima do esperado pelo consenso da Bloomberg, que aguardava R$ 4,3 bilhões no período. Além disso, a maioria das casas tinha expectativa de queda no lucro.
Itaú
O Safra diz que o Itaú (ITUB4) foi mais fácil para os investidores assimilarem. Para os analistas, o banco reúne o melhor dos dois mundos, pois provou ter maior resiliência, enquanto deverá aumentar a originação de crédito.
“Os investidores ficaram surpresos que esperamos que o banco continue expandindo o ROE (retorno sobre o patrimônio) para mais de 23% e que o Itaú no Brasil já tenha registrado um retorno de 24% no Q2 (excluindo os efeitos de redução de risco), sem mencionar seus dividendos rendimento próximo a 10% nos próximos 12 meses, o que também foi bem recebido pelos investidores”.
A projeção do banco é de lucro líquido de R$ 40,7 bilhões, com ROE de 21,9%. Para 2025, projeta lucro de R$ 45 bilhões e ROE de 22,7%.