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Enquanto commodities caem, Magazine Luiza (MGLU3) salta 11%. É a volta das ações de consumo?

12 jul 2022, 17:51 - atualizado em 12 jul 2022, 20:00
Ações de varejo
Ação do Magazine Luiza é destaque de alta do Ibovespa nesta terça-feira (12) (Imagem: Shutterstock)

O Ibovespa entrou no segundo semestre do ano refém da dinâmica global ruim e arrastado pelas commodities.

A mudança na Bolsa brasileira se torna mais clara conforme aumentam as preocupações quanto a uma potencial recessão nos Estados Unidos, com ações de petroleiras, mineradoras e siderúrgicas passando por um momento de pressão baixista, refletindo a queda dos preços do petróleo e do minério de ferro.

Enquanto isso, papéis fortemente penalizados pela inflação e taxa de juros elevadas voltaram a mostrar movimentações positivas.

Nesta terça-feira (12), as ações dos varejistas Magazine Luiza (MGLU3), Americanas (AMER3) e Via (VIIA3) lideraram as altas do Ibovespa. O Magalu saltou 11,41%, a R$ 2,93, enquanto a Americanas e a Via registraram ganhos de 8,26% e 9,44%, respectivamente.

As três empresas fecharam a última semana com valorizações superiores a 20%, apoiadas pela tendência de queda das commodities.

Reversão na Bolsa?

O movimento dos últimos pregões faz questionar se a retomada de setores que caíram muito no último ano (além de varejo, tecnologia e serviços) está acontecendo agora.

Na opinião de Isabel Lemos, gestora de ações da Fator Administração de Recursos, a atual troca (ou, pelo menos, redução) de commodities por ativos de setores mais penalizados pelos juros parece interessante.

Lemos explica que, olhando para o médio/longo prazo, à medida que a aversão a risco e as variáveis que penalizaram as ações – em especial, a inflação – forem minimizadas, os papéis tendem a retomar.

“Acontecendo essas sinalizações, e se, ao longo do tempo, a gente perceber que a inflação real está sendo igual ou menor do que estamos esperando, o mercado vai se ajustar”, afirma.

No caso das commodities, a alta significativa do setor veio juntamente com a disparada dos preços das commodities, principalmente devido à guerra entre Rússia e Ucrânia.

O conflito que se instaura no leste europeu fez com que os preços se distorcessem e ficassem acima das projeções do mercado. E, para Lemos, não é normal que as commodities se mantenham nos níveis atuais.

“No médio e longo prazo, a gente tende a acreditar que esses preços vão cair”, diz a gestora.

Lemos destaca, no entanto, que não se trata de uma troca setorial, de commodities para consumo e serviços, tanto que ela continua enxergando atratividade nas ações de petroleiras e mineradoras, pois elas ainda são grandes geradoras de caixa e continuam oferecendo bom retorno.

“É uma troca porque, commodities, apesar de continuarem boas, a médio e longo prazo, o trade off da parte de consumo e serviços parece ser mais atrativo”, explica.

MGLU3 volta a ficar atrativa?

Apesar da valorização recente, os papéis do Magazine Luiza ainda acumulam queda de mais de 80% nos últimos 12 meses.

O tombo reflete a precificação de algumas mudanças operacionais na empresa, mas também da leitura negativa do mercado sobre a taxa de juros – um movimento considerado demasiado pela gestora da Fator.

“Me parece que a empresa não mudou desta maneira, ou teve competições significativas, para que ela tivesse uma penalidade como essa”, afirma Lemos, que tem a ação na carteira, pois entende que existe potencial por trás.

Essa opinião se aplica a outros papéis bastante penalizados nos últimos meses.

Há potencial interessante e existe valor para muitas dessas empresas. Existe potencial interessante de valorização, mas tem que olhar ativo por ativo”, ressalta Lemos.

Curto prazo difícil

Corretoras e bancos, como Ativa Investimentos e BTG Pactual (BPAC11), adotaram posturas mais conservadoras para o setor do Magazine Luiza.

Saindo do período mais crítico da pandemia do coronavírus, quando as ações de crescimento foram bastante beneficiadas, investidores estão preocupados com a capacidade das empresas de manter a força que mostraram na época dos lockdowns.

“As ações que dispararam durante o rali da pandemia foram algumas das maiores perdedoras na desaceleração deste ano, uma reversão que sinaliza as preocupações dos investidores com os valuations de muitos ativos de risco e as perspectivas de inflação e crescimento”, comenta o BTG.

As perspectivas do banco para o setor no curto prazo são mais pessimistas.

“As perspectivas de crescimento dificilmente serão precificadas antecipadamente, e o foco se voltou para rentabilidade em vez de crescimento a qualquer custo”, explica.

O BTG tem, no entanto, recomendação de compra para as ações do Magazine Luiza, acreditando que o varejista evoluirá como um ecossistema nos próximos anos com o suporte das últimas aquisições, principalmente em logística e monetização de tráfego.

O preço-alvo de R$ 7 estipulado pelo banco para o fim de 2022 implica um potencial de valorização de aproximadamente 166% em relação ao preço do último fechamento, de R$ 2,63.

A Ativa continua cautelosa com o setor de e-commerce. Além do ambiente macro desafiador, a corretora destaca a dinâmica competitiva “muito acirrada” no segmento depois que players internacionais (Amazon, Shopee) chegaram ao mercado brasileiro.

“Enquanto se movem na direção de adquirir uma fatia maior do mercado, [os players internacionais] vão causando pressões nos players já estabelecidos, como Mercado Livre, Americanas e Magalu”, complementa.

No setor de consumo, a Ativa tem preferência por empresas que estão conseguindo enfrentar o cenário atual, com marcas fortes e capacidade de repasse de custos. Nomes do setor de moda voltados para o segmento de alta renda são a sua principal escolha.

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