Enquanto China alerta Taiwan, fabricante de chips ganha status de empresa mais cobiçada do mundo
Enquanto as relações entre China e Estados Unidos continuam se deteriorando, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC;TSMC34) mira uma expansão nos Estados Unidos.
Em fevereiro, a empresa responsável pela produção mais avançada de semicondutores no mundo anunciou que irá investir US$ 40 bilhões em uma planta situada no estado de Arizona. De acordo com a TSMC, a fábrica deverá começar a operar no ano que vem.
O movimento ocorre no momento em que o governo americano quer fomentar domesticamente a indústria de semicondutores, o que será feito através de um plano de investimento público de US$ 280 bilhões. A motivação é estratégica e busca não só contrapor o avanço da China no setor, como também preparar os EUA para um possível conflito direto contra a superpotência asiática.
Nessa direção, oficiais dos EUA entendem que trazer a produção da TMSC para solo americano é uma forma de proteger a visada tecnologia de microchips de uma possível ação militar da China em Taiwan. Os semicondutores são utilizados para carregar desde baterias de celular, até carros elétricos e aviões de guerra.
Além dos EUA, a TSMC planeja implantar novas fábricas no Japão e na Europa, estreitando o relacionamento econômico da ilha com os países do G7, que buscam se unir para conter a influência global da China.
Ao que tudo indica, a presença da TSMC em países terceiros não deverá contar com o que se produz de mais avançado em Taiwan em um primeiro momento. Atualmente, a companhia fabrica chips da linha N5, 20% mais rápida e 40% mais energeticamente eficiente que a família de microchips anterior, a N7.
Tensão geopolítica piora eficiência das empresas
Para a BlackRock, o novo desenho geopolítico deve avançar em detrimento da eficiência econômica, com a repriorização do fornecimento local de bens e serviços podendo se provar mais custoso para as companhias do que as atuais cadeias de valor transnacionais.
A visão é compartilhada por Christopher Garman, da Eurasia Group, que entende que “aceitar ineficiência econômica por segurança está na ordem do dia”. O diretor da Eurasia destaca que está aumentando o número de empresas que buscam a consultoria para entender maneiras de diminuir, por exemplo, sua exposição à China.
No caso da TSMC, os problemas relacionados à implantação da fábrica nos EUA envolvem custos de operação mais elevados, estruturação local de suprimento de matéria-prima e desafios gerenciais envolvidos na transmissão de um dos conhecimentos produtivos mais complexos da humanidade.
China dá recado a Taiwan: “Estamos prontos para lutar”
Após conduzir exercícios militares por três dias consecutivos no Estreito de Taiwan, as forças armadas da China se disseram ‘prontas para lutar’ em um comunicado divulgado no início desta segunda-feira (10).
Concebida como um alerta governo de Taipei e aos Estados Unidos, a nota escrita pela unidade de “pronto combate” da China afirma que “as tropas da região estão preparadas para lutar e esmagar qualquer tentativa de independência de Taiwan e interferência estrangeira”.
O recado das forças armadas chinesas sela a conclusão de três dias de exercícios militares no estreito de 180km que separa a China continental de Taiwan.
A demonstração envolveu o uso de mais de 70 aeronaves chinesas, além de embarcações de guerra que simularam um bloqueio marítimo completo do território que Pequim clama para si desde a derrota dos nacionalistas chineses em 1949.
Os exercícios militares ocorreram ao mesmo tempo que a presidente taiwanesa Tsai Ing-wen fazia um roteiro que começou por países da América Central — em busca de maior apoio diplomático da região ao governo autônomo — e terminou nos Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy.
Em agosto do ano passado, o encontro da então presidente da Câmara Nancy Pelosi com o governo de Taiwan desencadeou uma reação chinesa similar à vista neste último fim de semana.