Enquanto BR Distribuidora comemora, Eletrobras precisa colocar a casa em ordem
Os dizeres “o fracasso de uns é o sucesso de outros” exemplificam precisamente a dinâmica vista na Eletrobras (ELET3; ELET5; ELET6), que viu suas ações irem por água abaixo após a saída precoce de seu CEO, ao mesmo tempo em que o mercado prestigiou a possível chegada Ferreira à presidência da BR Distribuidora (BRDT3).
“De uma maneira geral, é uma notícia negativa para Eletrobras e positiva para a BR. Wilson Ferreira Júnior é reconhecido pelo mercado como um ótimo gestor, com um excelente trabalho realizado, anteriormente, na CPFL (CPFE3) e agora na estatal”, diz Pedro Serra, gerente de research da Ativa Investimentos.
A corretora reforça que ao renunciar, Ferreira deixou claro que um dos principais motivos foi a baixa visibilidade que ele estaria tendo agora quanto a privatização da Eletrobras.
“Além dessa questão, já há muitas dúvidas no mercado sobre quem deve assumir o posto e, principalmente, se o governo Bolsonaro irá fazer pressão para colocar um nome que sirva de capital político, visto que estamos próximo das eleições para presidente da Câmara“, comenta o analista sobre os riscos que podem vir de Brasília.
A única possibilidade da Eletrobras conseguir reverter (em parte) o pessimismo que agora paira sobre a estatal, é a do conselho eleger, o mais rápido possível, um nome técnico que não seja ligado a nenhum político e, ao mesmo tempo, consiga obter a simpatia dos políticos.
“Quanto ao mercado dar o benefício da dúvida em relação a privatização, ainda consideramos pouco provável no curto/médio prazo”, adverte Serra, revelando uma posição negativa em relação às ações da Eletrobras.
O outro lado da moeda
Já no caso da BR Distribuidora, o cenário é bastante promissor segundo a corretora. A chegada de um CEO do calibre do Ferreira e com experiência no setor de energia é muito importante para a empresa.
“Entendemos que a BR vem encerrando o seu primeiro ciclo, em que deixou de ser estatal e subsidiaria da Petrobras e passou a buscar um novo norte estratégico e corte de custos […] Porém parte do mercado estava descontente com a gestão do atual CEO por achar que poderia ter feito mais, especialmente no business de conveniência”, avalia Pedro Serra.
Agora o novo clico será bem diferente, dado que a BR Distribuidora terá que buscar sua participação de mercado perdida e revisitar os seus negócios em um mercado que está passando por diversas transformações, como o fim do monopólio da Petrobras (PETR3; PETR4) no Refino.
E, mais no longo prazo, a companhia poderá analisar novos negócios (mercado de gás e/ou energia) e a chegada do carro elétrico.
“Todos esses desafios e oportunidades demandarão uma liderança com boa capacidade de gerar valor para os acionistas e, do ponto de vista interno, firme e amplamente reconhecida para contar com engajamento de seus colaboradores na execução dos próximos planos estratégicos que deverão surgir”, finaliza o gerente de research da Ativa, com perspectivas positivas para as ações da BR Distribuidora .