Enquanto Bolsonaro defende hidroxicloroquina, ministério reforça necessidade de prescrição para medicamentos
O Ministério da Saúde reforçou nesta quinta-feira, em coletiva sobre dados da situação da Covid-19 no país, a orientação para que o uso de qualquer medicação ocorra mediante prescrição médica.
O secretário-executivo da pasta, Elcio Franco reforçou a recomendação “que qualquer medicamento deve ser administrado mediante prescrição médica” e afirmou que ainda não há orientação do órgão sobre o uso preventivo de substâncias contra o coronavírus.
Ponderou, no entanto haver evidências de casos em que houve eficácia de uso de remédios como prevenção, mas voltou a dizer que cabe aos médicos prescreverem qualquer medicação.
Na segunda-feira, antes mesmo do resultado de seu exame, o presidente Jair Bolsonaro disse ter começado a usar a hidroxicloroquina como forma de tratar a Covid-19. No dia seguinte, após anunciar que estava com a doença, publicou um vídeo tomando um comprimido do medicamento e afirmando “eu confio na hidroxicloroquina”.
Na coletiva desta quinta, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos, Hélio Angotti, apontou indícios que o uso precoce da cloroquina e medicações semelhantes pode ter atuado na redução de casos graves, mas ponderou que a produção de evidências científicas pode levar “anos” para se consolidar.
Questionado sobre os riscos cardíacos do uso da medicação, Neto afirmou que “praticamente inexiste” risco de arritimia grave em pacientes que não tenham problemas cardíacos e que estejam nas fases iniciais da doença.
Os técnicos da pasta chegaram a ser questionados sobre o fato de Bolsonaro, acometido pelo novo vírus, fazer uso da hidroxicloroquina e ter seu sistema cardíaco monitorado mais de uma vez diariamente, limitando-se a afirmar, referindo-se a casos genéricos, que “cabe ao médico que realizou a prescrição decidir pelo melhor esquema de acompanhamento laboratorial ou por meio de outros exames complementares”.