Engie mostra que está mais preparada que Cesp e AES Brasil para passar por crise hídrica
Investidores e analistas de elétricas estão olhando com lupa os resultados das empresas do setor para dimensionar o tamanho do rombo da crise hídrica. Até o momento, todas, de uma forma ou de outra, sentiram o baque, com destaque para geradoras.
A Cesp (CESP6) encerrou o período com prejuízo de R$ 18 milhões. Já a AES (AESB3) viu o seu lucro derreter 76% para R$ 27,5 milhões, além do custo para comprar energia disparar 190% no trimestre e 110% no ano.
Apesar do lucro da Engie (EGIE3) ter caído 58,4%, outros fatores pesaram para a redução.
A Genial destaca que o trimestre foi negativamente impactado por eventos não-recorrentes e não-caixa, como foi o caso do reconhecimento de um teste de imparidade no valor de R$ 163 milhões em uma de suas térmicas.
Excluindo tal evento, o Ebitda teria sido de R$ 1,5 bilhões, crescimento de 19%, refletindo principalmente receitas decorrentes da implantação de projetos de transmissão e custos com energia sob controle.
“O número é impressionante se considerarmos o cenário hidrológico desafiador (vide os recentes resultados de CESP e AES Brasil, que reportaram números abaixo do consenso devido à custos com compra de energia)”, apontam.
O Itaú BBA lembra que a Engie é uma das companhias mais protegidas do desafiador GSF, que mede o risco hidrológico, esperado para 2021 e 2022.
“Em termos de risco GSF, Engie parece estar em uma situação confortável dado que os volumes não contratados para 2021 estão ligeiramente acima de 20% da sua energia hídrica firme. Além disso, várias de suas usinas possuem hedge de GSF, ajudando também a reduzir o impacto”, aponta a corretora.
Para o Inter Research, no entanto, a ligeira melhora a hídrica no Sul não correspondeu às expectativas do segundo trimestre.
“Os resultados operacionais abaixo do esperado mostram dificuldades da empresa para manter a eficiência e lidar com os desafios persistentes no setor. Mesmo com receitas estáveis, os maiores gastos com geração consumiram as margens da companhia”, argumenta.
Já o Safra tem recomendação outperform, ou seja, acima da média dos mercados, para os papéis da Engie.
O banco afirma que as ações possuem um dividend yield médio de 9,9% para 2021-2023, considerando um payout de proporção de 95%.
“Engie é uma grande operadora elétrica atualmente implantando linhas de transmissão, algumas dos quais se espera que sejam entregues em 2021. Eles mantêm uma posição favorável sobre o mercado gás com sua participação na TAG, posicionando a empresa para desfrutar de longo prazo oportunidades de crescimento”, argumenta.