Engie (EGIE3): Menos dividendos podem pingar com compra bilionária, vê BTG

A Engie (EGIE3) fechou a compra de duas hidrelétricas, uma no Pará e outra no Amapá, com capacidade que, somadas, chega a 612 megawatts. Ao todo, a elétrica desembolsou quase R$ 3 bilhões pelos ativos.
A primeira vista, a compra foi vista com bons olhos. Segundo o BTG, as usinas têm um fluxo de caixa altamente previsível.
Os analistas estimam valor patrimonial de R$ 2,4 bilhões, com uma taxa real de retorno (TIR) de 8,8%. Ainda nos cálculos do banco, o retorno poderia pular para 10,6% se a empresa optar por alavancar a aquisição.
- VEJA TAMBÉM: Fique por dentro da temporada de resultados 4T24 com cobertura especial do Money Times
“A transação parece bastante valorizada e adicionar energia hidrelétrica ao portfólio é um movimento positivo, especialmente tendo em conta os desafios que as energias renováveis têm enfrentado recentemente”.
O Bradesco BBI também elogiou a operação. Os analistas mencionam dois pontos.
- uma TIR real de cerca de 10% para os ativos “no estado em que se encontram”;
- potencial de alta passando para cerca de 11% se o opex (despesas operacionais) for reduzido – um cenário plausível.
“Ambas as estimativas incorporam o benefício fiscal do Sudam (alíquota de cerca de 15%) até seu vencimento (2028 para Jari; 2033 para Cachoeira)”.
Ainda de acordo com o Bradesco, uma TIR de 9,5% a 11%, excede a TIR implícita das próprias ações da Engie (cerca de 7%) e o rendimento dos títulos de renda fixa (NTN-B) de longo prazo (7,5%).
“Notavelmente, esses retornos são raros no mercado atual, especialmente devido à provável concorrência por esses ativos. Ainda estamos investigando esse aspecto para garantir que não haja descuidos”.
Nesta segunda-feira (24), EGIE3 caíram 1,43%, a R$ 38,52.
E os dividendos da Engie?
Apesar disso, a transação poderá bater nos dividendos.
O BTG lembra que a Engie encerrou o quarto trimestre com alavancagem de 2,7x dívida líquida/Ebitda (relação de dívida que mostra quantos anos levaria para uma empresa pagar sua dívida se a dívida líquida e o EBITDA fossem mantidos constantes).
Com a operação, essa métrica passaria para 3x. Além disso, os analistas afirmam que a alavancagem pode aumentar nos próximos trimestres devido ao investimento em energias renováveis e transmissão greenfield já contratados, que incluem:
- R$ 4,2 bilhões em 2025;
- R$ 2,1 bilhões em 2026 e;
- R$ 2,2 bilhões em 2027;
Com esse ciclo, a empresa já limitou seus dividendos para o pagamento mínimo de 55% em 2024.
“Já esperávamos que o pagamento mínimo continuasse em 2025, mas com esta aquisição, a probabilidade de dividendos mais baixos acontecerá também em 2026 aumentou”.
- VEJA MAIS: Mesmo com a Selic a 14,25% ao ano, esta carteira de 5 ações já rendeu 17,7% em 2025
Para o Bradesco, é esperado que a Engie mantenha seu payout de 55% do lucro líquido.
“Qualquer aumento no pagamento pode ser considerado apenas em 2026, dependendo de fatores como preços de,,eletricidade, déficit na geração hídrica e exposição ao submercado”.