Comprar ou vender?

Engie (EGIE3): Menos dividendos podem pingar com compra bilionária, vê BTG

24 mar 2025, 12:38 - atualizado em 24 mar 2025, 17:43
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Os analistas afirmam que a alavancagem pode aumentar nos próximos trimestres devido ao investimento em energias renováveis (Imagem: REUTERS/Stéphane Mahé)

A Engie (EGIE3) fechou a compra de duas hidrelétricas, uma no Pará e outra no Amapá, com capacidade que, somadas, chega a 612 megawatts. Ao todo, a elétrica desembolsou quase R$ 3 bilhões pelos ativos.

A primeira vista, a compra foi vista com bons olhos. Segundo o BTG, as usinas têm um fluxo de caixa altamente previsível.

Os analistas estimam valor patrimonial de R$ 2,4 bilhões, com uma taxa real de retorno (TIR) de 8,8%. Ainda nos cálculos do banco, o retorno poderia pular para 10,6% se a empresa optar por alavancar a aquisição.

“A transação parece bastante valorizada e adicionar energia hidrelétrica ao portfólio é um movimento positivo, especialmente tendo em conta os desafios que as energias renováveis têm enfrentado recentemente”.

O Bradesco BBI também elogiou a operação. Os analistas mencionam dois pontos.

  1. uma TIR real de cerca de 10% para os ativos “no estado em que se encontram”;
  2. potencial de alta passando para cerca de 11% se o opex (despesas operacionais) for reduzido – um cenário plausível.

“Ambas as estimativas incorporam o benefício fiscal do Sudam (alíquota de cerca de 15%) até seu vencimento (2028 para Jari; 2033 para Cachoeira)”.

Ainda de acordo com o Bradesco, uma TIR de 9,5% a 11%, excede a TIR implícita das próprias ações da Engie (cerca de 7%) e o rendimento dos títulos de renda fixa (NTN-B) de longo prazo (7,5%). 

“Notavelmente, esses retornos são raros no mercado atual, especialmente devido à provável concorrência por esses ativos. Ainda estamos investigando esse aspecto para garantir que não haja descuidos”.

Nesta segunda-feira (24), EGIE3 caíram 1,43%, a R$ 38,52.



E os dividendos da Engie?

Apesar disso, a transação poderá bater nos dividendos.

O BTG lembra que a Engie encerrou o quarto trimestre com alavancagem de 2,7x dívida líquida/Ebitda (relação de dívida que mostra quantos anos levaria para uma empresa pagar sua dívida se a dívida líquida e o EBITDA fossem mantidos constantes).

Com a operação, essa métrica passaria para 3x. Além disso, os analistas afirmam que a alavancagem pode aumentar nos próximos trimestres devido ao investimento em energias renováveis e transmissão greenfield já contratados, que incluem:

  • R$ 4,2 bilhões em 2025;
  • R$ 2,1 bilhões em 2026 e;
  • R$ 2,2 bilhões em 2027;

Com esse ciclo, a empresa já limitou seus dividendos para o pagamento mínimo de 55% em 2024.

“Já esperávamos que o pagamento mínimo continuasse em 2025, mas com esta aquisição, a probabilidade de dividendos mais baixos acontecerá também em 2026 aumentou”.

Para o Bradesco, é esperado que a Engie mantenha seu payout de 55% do lucro líquido. 

“Qualquer aumento no pagamento pode ser considerado apenas em 2026, dependendo de fatores como preços de,,eletricidade, déficit na geração hídrica e exposição ao submercado”.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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