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Engie (EGIE3): Bradesco BBI rebaixa elétrica para venda; ‘amamos a empresa, mas não o seu preço’

27 jan 2025, 15:41 - atualizado em 27 jan 2025, 15:41
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O Bradesco BBI rebaixou a recomendação e cortou o preço-alvo da Engie (Imagem: REUTERS/Stephane Mahe)

O Bradesco BBI revisou suas estimativas para a Engie (EGIE3), rebaixando a recomendação para venda e definindo um preço-alvo de R$ 37, ante R$ 46.

Com a revisão, os analistas refletem principalmente a nova linha de transmissão adquirida pela Engie no leilão de setembro de 2024, que requer um investimento de aproximadamente R$ 2,9 bilhões, com início previsto para dezembro de 2029.

Há ainda no modelo do BBI a contribuição do ativo eólico renovável Serra do Assuruá e solar Assú Sol, além das novas estimativas macroeconômicas, com a taxa básica de juros (Selic) atingindo o pico de aproximadamente 15,5% em 2025 e recuando para 11,25% em 2026 e 10% em 2027, conforme as estimativas da casa.

O BBI estima para a Engie um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de cerca de R$ 6,3 bilhões em 2025 e R$ 7 bilhões em 2026, abaixo do consenso em 15% e 7%, respectivamente. Os analistas destacam que essa lacuna entre as projeções e o mercado é muito maior quando se trata do lucro líquido.

Os analistas calculam um lucro líquido de aproximadamente R$ 2,1 bilhões e R$ 2,7 bilhões, respectivamente, cerca de 30% abaixo do consenso da Bloomberg. “É difícil explicar os motivadores para uma discrepância tão grande, mas nossa conclusão é que, à medida que 2025 avança, haverá uma revisão significativa para baixo nas estimativas pelos analistas”, ponderam.

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Engie tem atributos positivos, mas preços pesam

Com base na atualização das estimativas, o Bradesco BBI vê a Engie sendo negociada a uma taxa interna de retorno (TIR) real de aproxidamamente 7,5%, em linha com o rendimento do Tesouro IPCA+ de longo prazo.

O retorno apertado, juntamente com as revisões de resultados, são as razões para o rebaixamento na recomendação e o corte no preço-alvo.

“Destacamos que a Engie continua entre as principais empresas de governança corporativa do setor e com exposição limitada à capacidade não contratada no período de 2025 e 2026”.

Os analistas sublinha também a alta qualidade das equipes e a estratégia sólida, mas observam que a empresa não está muito exposta aos preços da eletricidade no curto prazo, com apenas 16% e 19% da capacidade não contratada em 2025 e 2026

“Embora nossa visão continue sendo de que os preços de longo prazo no Brasil aumentarão substancialmente no futuro (ainda não em nosso cenário base), este é um alívio relativo, dado o excesso de oferta em andamento”.

E os dividendos?

Em relação aos dividendos, o modelo do BBI prevê um rendimento de aproximadamente 4% em 2025 e cerca de 5% em 2026 com base em um pagamento de 55% do lucro.

“Este é um bom nível de dividendos, mas isso para uma ação relativamente cara não é suficiente, em nossa opinião”, dizem os analistas.

Dessa maneira, os analistas ponderam que investidores em busca de renda podem perder o interesse na Engie, tendo em vista que outras ações, como Copasa (CSMG3), CPFL Energia (CPFE3) e ISA Energia (ISAE4), têm rendimentos em torno de 9% a 10%.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.