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Engie e Air Liquide querem criar projeto ecológico de hidrogênio em escala avançada na França

12 jul 2020, 14:00 - atualizado em 12 jul 2020, 14:09
Engie e Air Liquide querem construir complexos de energia solar capazes de abastecer 450.000 residências na ensolarada região da Provença (Imagem: REUTERS/Charles Platiau)

Enquanto a União Europeia renova esforços para fazer do hidrogênio um dos combustíveis limpos do futuro, duas gigantes industriais da França afirmam ter encontrado o projeto certo para expandir rapidamente esse setor.

Engie e Air Liquide querem construir complexos de energia solar capazes de abastecer 450.000 residências na ensolarada região da Provença, com sobra de eletricidade suficiente para produzir hidrogênio a partir da eletrólise da água.

Parte do gás, que queima de forma limpa, seria vendida a refinarias e fabricantes de produtos químicos em Fos-sur-Mer, restringindo suas emissões de dióxido de carbono.

O projeto “HyGreen Provence” produziria hidrogênio a partir de fontes renováveis em uma escala muito maior do que em qualquer outro lugar, além de reduzir as emissões de CO2 provenientes das operações de refino e petroquímica.

O setor industrial francês utiliza aproximadamente 1 milhão de toneladas de hidrogênio por ano e o governo almeja que 20% a40% dessa quantia esteja livre de carbono até 2028. No entanto, as empresas precisam de subsídios do governo para realizar isso.

A produção do chamado hidrogênio verde (usando eletrólise da água e sem emitir CO2) custa cerca de três vezes mais que a reforma a vapor do metano (processo usado pelas refinarias que gera o gás causador do efeito estufa).

“Para o projeto funcionar, precisamos do apoio do estado e de incentivos para as empresas migrarem para o hidrogênio verde”, disse Gwenaelle Avice-Huet, responsável por energias renováveis da Engie, em entrevista. “Precisamos ganhar escala com projetos de tamanho significativo para reduzir custos “.

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Apoio da UE

A União Europeia informou que a indústria do hidrogênio se beneficiará de pacotes de estímulo destinados a recuperar as economias dos países que foram duramente atingidos pela pandemia do coronavírus.

O uso do hidrogênio também deve acelerar a transição energética e ajudar a alcançar a meta do bloco de se tornar neutro em carbono até 2050.

A União Europeia informou que a indústria do hidrogênio se beneficiará de pacotes de estímulo destinados a recuperar as economias dos países que foram duramente atingidos pela pandemia do coronavírus (Imagem: unsplash/@callmefred)

Com esse apoio, as empresas confiam que conseguirão produzir hidrogênio a um custo competitivo até o final da década.

Em 2018, a França destinou apenas R$ 596 milhões para subsidiar a compra de veículos movidos a hidrogênio, mas a expectativa é que o país apresente um plano bem mais ambicioso nos próximos meses.

“No pacote de estímulos, investiremos massivamente em pesquisa e produção de hidrogênio na França”, afirmou o ministro das Finanças Bruno Le Maire em entrevista à Rádio Europe 1 rádio. “Talvez, seja a nova energia” que abastecerá caminhões e trens.

O projeto HyGreen Provence seria inicialmente conectado a um local de armazenamento e à rede de gás. O combustível seria usado para abastecer frotas locais de ônibus e caminhões elétricos. Sua capacidade de eletrólise seria ampliada para até 250 megawatts em 2026. Isso produziria cerca de 20.000 toneladas de hidrogênio limpo por ano, segundo Avice-Huet.

“Precisamos financiar grandes projetos-piloto para demonstrar sua viabilidade”, disse Pierre-Etienne Franc, chefe da divisão de hidrogênio da Air Liquide, a segunda maior fabricante mundial de gases industriais.

A empresa também busca subsídios para desenvolver grandes eletrolisadores capazes de abastecer grandes consumidores, incluindo siderúrgicas, e plantas de liquefação para transportar o gás até clientes de menor porte.

“É fundamental desenvolver uma cadeia de suprimentos baseada em hidrogênio líquido para transportar o combustível até os usuários finais, em locais onde não seria competitivo construir um eletrolisador”, disse Franc.