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Engie Brasil prevê agravamento do risco hidrológico nos próximos meses, diz CFO

06 maio 2021, 12:49 - atualizado em 06 maio 2021, 15:23
Engie Brasil EGIE3
“Essa hidrologia é uma das piores da série histórica, então realmente a questão é muito grave, isso requer um tremendo de um desafio para o nosso pessoal de gestão de portfólio”, afirmou Malta (Imagem: Reuters/Stephane Mahe)

A  Engie Brasil Energia (EGIE3) da francesa Engie, prevê que o risco hidrológico vai se agravar ainda mais nos próximos meses e se prepara para evitar impactos por meio de uma estratégia de gestão de portfólio, afirmou nesta quinta-feira o diretor financeiro da companhia, Marcelo Malta.

Para enfrentar o cenário, a Engie –maior geradora de energia privada do Brasil— conta com a geração do complexo termelétrico a carvão Jorge Lacerda, em Santa Catarina, além de deixar parte de sua energia descontratada. Caso necessário, a empresa vai a mercado comprar energia, pontuou o executivo.

“Essa hidrologia é uma das piores da série histórica, então realmente a questão é muito grave, isso requer um tremendo de um desafio para o nosso pessoal de gestão de portfólio”, afirmou Malta, durante apresentação dos resultados do primeiro trimestre a analistas e investidores.

“Nossa expectativa para os próximos meses é que o GSF (nome técnico para risco hidrológico) se agrave ainda mais… Nós temos bastante experiência, capacidade de fazer projeções que a gente tem verificado muito próximas da realidade e isso nos dá tranquilidade de que conseguiremos fazer essa gestão de forma adequada.”

Malta pontuou que o complexo Jorge Lacerda, que tem funcionado como o “hedge” para GSF, está à venda e que negociações bilaterais com a Fram Capital, iniciadas em 25 de fevereiro, estão avançando.

Dessa forma, a empresa poderá manter uma parcela maior de energia descontratada para se proteger do cenário desafiador da hidrologia.

“O que é feito é já prever uma parcela maior de energia descontratada. Então é possível também que a gente continue comprando energia caso o ativo seja vendido por um período de curto prazo, o que nos garante também esse ‘hedge’ por mais algum tempo”, afirmou.

A venda de Jorge Lacerda, de 857 MW, vem como uma estratégia de descarbonização da companhia, destacou o gerente de Relações com Investidores da Engie, Rafael Bósio.

A térmica a carvão Pampa Sul (345 MW), no Rio Grande do Sul, também foi colocada à venda e teve inicialmente 12 interessados. A empresa está atualmente selecionando os potenciais compradores, segundo os executivos.

Enquanto busca vender operações de carvão, a empresa incrementou nos últimos cinco anos entre 600-700 MW em capacidade eólica e está agregando ainda mais 360 MW com o projeto em construção Conjunto Eólico Campo Largo II, cujas operações tiveram início no primeiro trimestre, disse Bósio.

Dessa forma, a empresa poderá manter uma parcela maior de energia descontratada para se proteger do cenário desafiador da hidrologia (Imagem: Pixabay)

Outro importante projeto, o Conjunto Eólico Santo Agostinho, no Rio Grande do Norte, cujas obras estão previstas para iniciar em junho, agregará 434 MW e deve ser entregue em 2023.

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Indexadores

Malta também afirmou, durante a conversa com analistas, que poderá pleitear junto à reguladora Aneel substituir o IGP-M como indexador em contratos de venda de energia.

“Por conta desse recente comportamento do IGP-M, considerando que temos um saldo no nosso passivo de concessões a pagar, a aplicação do IGP-M sobre esse saldo acaba gerando impacto significativo na nossa despesa financeira”, afirmou.

“Como hoje não é tão comum vender energia indexada ao IGP-M, a gente está avaliando nesse momento a possibilidade de pleitear à Aneel a troca do nosso indexador. A gente está fazendo algumas projeções para avaliar se esse é o momento adequado de fazer essa troca, mas isso está previsto nas regras da Aneel. Já fizemos isso no passado.”

(Atualizada às 15h23)