EGIE3, ELET3, TAEE11, TRPL4: As vencedoras (e as perdedoras) de leilão de R$ 15,8 bi
Terminou o leilão para linhas de distribuição. Ao todo, o certame ofereceu nove blocos, divididos em sete estados, totalizando uma receita anual permitida (RAP) total de R$ 2,6 bilhões e capex (investimentos) total estimado de R$ 15,8 bilhões.
Os reguladores esperam que os projetos comecem em 2026-29 e, de acordo com as regras do leilão, as propostas de receita vencedoras serão corrigidas anualmente pela inflação durante o período de concessão.
De acordo com analistas, o pleito foi marcado pela alta concorrência, com as grandes empresas de fora da maioria dos lotes. Entre as elétricas de capital aberto, as ganhadoras foram:
- Eletrobras (ELET6) (lote 4), deságio de 46%
- Engie (EGIE3) (lote 5), deságio de 43%
- Transmissão Paulista (TRPL4) (lote 7), deságio de 42%
- Transmissão Paulista (lote 9), deságio de 50%
Na bolsa, por volta das 16h04, a Engie reagia, com alta de 3,83%, enquanto a Eletrobras subia 3,18%.
De acordo com o JPMorgan em relatório enviado a clientes, as expectativas para o leilão foram confusas devido ao tamanho e aos altos juros praticados no país, mas a licitação se mostrou bastante competitiva como as anteriores, registrando um desconto médio ao teto da RAP (receita anual permitida) de 51%.
Os analistas Henrique Peretti e Victor Burke lembram que a relação RAP/Capex (receita anual permitida por investimento) médio do lance foi de 8%, inferior ao último leilão. “Acreditamos que o aumento das TIRs reflete a deterioração do cenário macro, com players exigindo retornos fixos mais altos”, argumentam.
Os analistas esperavam ainda que as empresas fossem menos agressivas devido à deterioração da inflação, expectativas de taxas de juros e custos de construção no ano passado, “mas isso não parece ter afetado seu apetite”.
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Vencedoras e perdedoras
Para o JP, a grande vencedora foi a Engie, com risco-recompensa decente e TIR ligeiramente agressivo. A corretora também nota que a Neoenergia (NEOE3), que fez lances para os Blocos 1, 2 e 5, demostrou boa disciplina de investimentos e que o recente contrato de transmissão com a GIC está rendendo frutos.
“O mesmo vale para a Alupar (ALUP11) que não ganhou nenhum bloco, o que deve melhorar as expectativas para distribuições de dividendos mais ousadas no futuro”, completa.
Na visão do analista Ricardo Schweitzer, CEO da consultoria que leva o seu nome, tanto Engie Brasil (Lote 5) quanto a Transmissão Paulista (Lote 7) parecem ter contratado RAPs adequadas frente ao investimento previsto e ao custo de capital. “Me pareceu um bom trabalho”, coloca.
A Engie foi bem ativa, participando com lances em todos os lotes de 1 a 7, sempre com propostas de RAP coerentes, na opinião de Schweitzer.
Os compromissos de investimento assumidos pela Engie totalizam R$ 2,7 bilhões e os da Transmissão Paulista, R$ 2,4 bilhões. “Em ambos os casos, assumo que boa parte (estou assumindo como base 60%) será financiada com captação de dívida”, coloca.
No caso da Eletrobras, havia expectativa de que empresa viesse com mais “sede ao pote” nesse leilão. “Acabaram conseguindo levar somente o lote 4, cujo capex (R$ 800 milhões) tem bem pouca relevância frente ao tamanho da empresa”, coloca.
Já Alupar, nota o analista, manteve o histórico de conservadorismo que a tem mantido longe das vitórias em leilões em anos recentes: ofertou pelos lotes 8 e 9, mas suas ofertas ficaram bem longe das respectivas vencedoras.
“Eu tinha certa preocupação em relação à atuação da Taesa no leilão: parte expressiva das concessões dela vencem a partir de 2032 e isso poderia se traduzir em certa pressão em realocar recursos. Além disso, no último leilão do ano passado eles venceram alguns lotes com RAPs bastante baixas, cujo potencial de retorno é questionável”, argumenta.