Eneva (ENEV3) e Vibra (VBBR3): Por que os acionistas estão ‘batendo cabeça’? As oportunidades e riscos
À primeira vista, o mercado não parece totalmente confiante sobre a possível fusão envolvendo as elétricas Eneva e Vibra Energia.
As ações começaram o dia operando misto. Enquanto VBBR3 marcou desvalorização desde a abertura do pregão desta segunda-feira (27), ENEV3 chegou a operar entre ganhos sutis de até 0,92% e perdas de mais de 2%.
De acordo com especialistas de mercado, a junção das companhias parece ser mais vantajosa para Eneva. Isso porque, a proposta do negócio seria por meio de uma troca de ações (50%/50%), ou “merger of equals”.
Contudo, até a última sexta-feira (24), a Vibra tinha um valor de mercado superior ao da Eneva, que estaria avaliada em R$ 20,7 bilhões, enquanto Vibra valia R$ 25,9 bilhões.
Mas, segundo Ruy Hungria, da Empiricus Research, também existe outra questão importante para se atentar: a Eneva passa por um período difícil “e boa parte da capacidade de geração de resultado tem sido comprometida por causa da questão dos despachos”.
Enquanto isso, na visão de Hungria, a Vibra tem um perfil de geração de caixa muito mais previsível e estável. “Talvez, o acionista da Vibra não esteja muito interessado nesse perfil mais arriscado, que é o perfil da Eneva”, disse em entrevista concedida ao programa Giro do Mercado.
Os riscos da fusão entre Eneva e Vibra
O BB Investimentos está em linha e avalia que, quando observados períodos mais longos em Vibra, vê uma consistente geração de caixa, com risco relativamente baixo.
Além disso, a corretora destacou que a empresa investiu recentemente em novos negócios que já trouxeram diversificação nas receitas, como:
- maior exposição ao mercado de energia, através da Comerc;
- evolua Etanol, trading de etanol com a Coopersucar;
- participação na Zeg Biogás para produção de biometano;
- Brasil Bio Fuels para produção de querosene de afiação sustentável.
“Exceto pela Comerc, esses são negócios de porte menor, mas que podem ser ampliados com novas aquisições e parcerias, de modo a manter a companhia em busca de uma atuação que capture as oportunidades da transição energética”, avaliam em relatório.
Do lado negativo, o BB selecionou:
- a elevada alavancagem da Eneva;
- perfil mais agressivo de crescimento da companhia;
- valuation menos favorável aos minoritários da Vibra;
- adição de novas capacidades no mercado de gás natural nos próximos anos, dados os projetos em implantação pela Petrobras, como o Rota 3, BM-C-33 e o SEAP — que pode reduzir os custos do mercado de gás e afetar a competitividade dos projetos da Eneva.
Para a corretora, a transação deve ser analisada com cautela pelos acionistas minoritários da Vibra.