Eneva avaliará térmica em parceria com petroleira e prevê crescimento de dividendos
A elétrica Eneva (ENEV3) selou acordo de exclusividade para potencial aquisição de 75% em projeto termelétrico a gás a ser viabilizado junto a uma empresa global de energia com direitos de exploração no Brasil, disse a elétrica em comunicado nesta quinta-feira, sem abrir o nome da possível parceira.
Em paralelo, a empresa também divulgou em encontro com analistas e investidores nesta quinta-feira perspectivas de expansão e de distribuição de dividendos, de acordo com apresentação realizada no “Eneva Day”.
As notícias levavam as ações ordinárias da Eneva a operarem com salto de mais de 10% por volta das 15:16 (horário de Brasília), a 35,84 reais.
A companhia, que investe em exploração e produção e gás e opera termelétricas, afirmou na apresentação que prevê início de operação de suas usinas Parnaíba V e Azulão-Jaguatirica em meados de 2021.
Isso deverá representar geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) adicional de 1 bilhão de reais, enquanto os investimentos na usina Parnaíba VI iniciam somente em 2022.
“O que vem a seguir? Enfrentaremos agora o ‘trilema’ comum às grandes empresas: crescimento ou dividendos ou disciplina financeira. Porém, a partir de 2021 inicia o rápido ciclo de desalavancagem”, apontou a empresa no material do Eneva Day.
Esses fatores possibilitarão à companhia “seguir todos os caminhos ao mesmo tempo”, acrescentou.
Térmica no radar
Em relação à possível parceria para o projeto térmico, a Eneva disse que terá exclusividade para realizar due diligence do ativo, a UTE Fátima, com licença para até 1.750 megawatts em capacidade em Macaé (RJ).
A exclusividade será válida até a data de leilões para contratação de térmicas previstos pelo governo para 2020 ou até 15 dias após a habilitação do empreendimento em leilão de energia regulado.
O acordo foi assinado com a Natural Energia Participações, a UTE Fátima e a controladora Fátima Power Holding. Os demais 25% do projeto pertencem a uma companhia global de energia com concessões offshore no Brasil, disse a Eneva, sem revelar o nome da empresa.
A usina foi projetada para funcionar com Gás Natural Liquefeito (GNL) ou gás natural associado, sendo que o fornecimento será realizado pela petroleira sócia do projeto.
A Eneva destacou, no entanto, ainda que não há obrigação vinculante para conclusão da transação e nem garantia de ela será fechada.
Os leilões específicos para térmicas agendados pelo governo, em 31 de março do ano que vem, deverão contratar usinas a gás, GNL e carvão para entrada em operação em 2024 e 2025.
A proposta do governo é que as termelétricas que serão contratadas substituam usinas antigas, movidas principalmente a diesel, cujos contratos vencerão nos próximos anos.
A licitação será aberta tanto para novos empreendimentos quanto para projetos de eficientização e troca de combustível das usinas hoje em operação, com contratos de 15 anos para os vencedores.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, a iniciativa está alinhada ao programa Novo Mercado de Gás, do governo federal, que vista aumentar a competição no setor de gás e reduzir custos do insumo.
Além da Eneva, a Neoenergia (NEOE3), da espanhola Iberdrola, também já manifestou interesse nas licitações, nas quais deverá inscrever seu projeto Termopernambuco, que está em operação, mas tem contrato de venda de energia que vence em 2024.