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Energisa vê investimento recorde em 2020 e estuda retomar aportes em geração

22 fev 2020, 0:59 - atualizado em 01 mar 2021, 15:05
Energisa
A Energisa está atenta a oportunidades de aquisições de projetos de transmissão que possam surgir (Imagem: Youtube/Energisa)

A elétrica brasileira Energisa (ENGI11) deve investir quase 3 bilhões de reais em 2020, um recorde, com foco em seus negócios de distribuição e transmissão, enquanto avalia também um retorno aos aportes no setor de geração, disse à Reuters o presidente da companhia, Ricardo Botelho.

Parte significativa dos aportes –que crescerão 8,5% ante 2019– será aplicada em empresas de distribuição adquiridas em 2018 junto à Eletrobras, em leilões de privatização, mas os desembolsos previstos ainda não incluem projetos de geração eólica e solar hoje em fase avançada de estudos na companhia.

“No caso especificamente de geração de grande porte, temos projetos em nossa carteira para desenvolver em energia solar e também em eólica. Temos analisado com bastante atenção nos últimos anos a possibilidade de retomar. A depender das oportunidades, podemos nos lançar novamente nesse setor”, disse Botelho.

A Energisa já investiu em geração em outras oportunidades, mas vendeu os ativos posteriormente. O último movimento nesse sentido envolveu a negociação de hidrelétricas, usinas à biomassa e eólicas à canadense Brookfield, em transação concluída em 2015.

No momento, a companhia tem em carteira projetos eólicos na Bahia que somariam uma capacidade de 250 megawatts e um projeto solar na Paraíba que somaria 60 megawatts.

A Energisa já investiu em geração em outras oportunidades, mas vendeu os ativos posteriormente (Imagem: Youtube/Energisa)

Para tirar os empreendimentos do papel, a Energisa avalia tanto leilões do governo para viabilizar novos projetos quanto a possíveis negociações da produção dos parques no chamado mercado livre de energia, no qual grandes consumidores podem negociar diretamente o suprimento com geradores e comercializadoras.

O problema, segundo Botelho, é que os leilões governamentais têm atraído “nível de competição absurdo”, o que leva os preços de venda da energia pelos projetos vencedores a níveis “muito, muito baixos”, enquanto no mercado livre os contratos têm valores melhores, mas prazos mais curtos.

“Temos que avaliar as condições… Se a equação fechar lá na frente, pode ser que a gente venha a viabilizar, não é algo que temos definido”, afirmou.

De outro lado, a Energisa também está atenta a oportunidades de aquisições de projetos de transmissão que possam surgir, bem como a possíveis privatizações de empresas de distribuição de energia controladas por governos estaduais.

As estatais CEB-D, de Brasília, e CEEE, do Rio Grande do Sul, estão entre as que já têm estudos para desestatização sendo conduzidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Em distribuição, temos aí na praça algumas distribuidoras que estão em processo ou no caminho para serem privatizadas. É difícil falar sem ter as condições na mesa, mas todas elas vamos avaliar, temos que olhar”, disse Botelho.

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A Energisa Rondônia receberá 644 milhões de reais, liderando os aportes (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Distribuição

No setor de distribuição, em que controla 11 empresas, a Energisa prevê investir 2,5 bilhões de reais em 2020, alta de quase 6% ante 2019, com mais de 830 milhões de reais para as empresas antes controladas pela Eletrobras (ELET3; ELET5; ELET6) em Rondônia e no Acre.

A Energisa Rondônia receberá 644 milhões de reais, liderando os aportes, seguida pela subsidiária no Mato Grosso, com 514,7 milhões, e pela Energia Mato Grosso do Sul, com 306 milhões.

“A empresa que vai receber o maior investimento nem é a nossa maior, é a de Rondônia. Ela está em processo de transformação, reestruturação, após anos de pouco investimento. Estava subinvestida, sucateada. No Acre há um trabalho enorme de recuperação, pelas mesmas razões”, explicou Botelho.

Os esforços devem envolver automatização de subestações, blindagem de redes, instalação de medidores e compras de veículos e equipamentos.

O presidente da Energisa destacou ainda que o grupo, após ter realizado planos de demissão voluntária nessas ex-estatais, agora tem aumentado o quadro para substituir terceirizados.

“A empresa está admitindo mais do que demitiu nesses PDVs, o quadro está aumentando, aumentou em 50%. Estamos fazendo um processo enorme de internalizar funções que eram terceirizadas. Essas empresas tinham muito mais gente no escritório que equipe na rua”, disse Botelho.

A Energisa ainda prevê um investimento importante, de 110 milhões de reais, em projetos de geração distribuída de energia solar, por meio da subsidiária Alsol (Imagem: Site/Alsol)

Transmissão

No segmento de transmissão, no qual estreou em 2017, a Energisa prevê investir 315 milhões de reais, com previsão de concluir dois empreendimentos neste ano e iniciar as obras de um terceiro, após concluir o licenciamento ambiental.

Os projetos que devem ser entregues, em Goiás e no Pará, estão em fase final de obras e devem receber 10 milhões e 49 milhões de reais, respectivamente.

Um segundo projeto no Pará, que pode ter a construção iniciada mais ao final do ano, deve receber 219,5 milhões.

A Energisa ainda prevê um investimento importante, de 110 milhões de reais, em projetos de geração distribuída de energia solar, por meio da subsidiária Alsol.

A projeção vem após a Energisa ter fechado a compra da Alsol em meados do ano passado, com o objetivo de entrar no fortemente aquecido setor de GD, que deve ter expansão recorde no Brasil em 2020.

Os investimentos recordes da Energisa veem em meio ao aniversário de 115 anos da elétrica em 2020.

Fundada como Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina, em Cataguases (MG), a empresa abriu o capital em 1907 e realizou mais recentemente um re-IPO na bolsa paulista B3.

As Units da Energisa acumulam alta de cerca de 214% desde a operação, em julho de 2016.