Energias renováveis: 3 ações para surfar no crescimento do setor no Brasil
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a matriz elétrica brasileira é uma das mais renováveis do mundo. Enquanto 83% da nossa matriz é renovável, no mundo esse percentual é de apenas 29%.
Olhando mais a fundo, percebe-se que a nossa matriz elétrica é composta principalmente por fontes hidrelétricas, com cerca de 70% da produção. Outras fontes importantes são a energia térmica (principalmente termelétricas), eólica e solar. Em menor escala, temos as fontes nucleares e de biomassa.
Embora seja uma matriz estável e confiável, na última década tivemos alguns sustos em função dos receios de apagão por conta dos baixos volumes pluviométricos no período. De forma a tornar a nossa matriz ainda mais confiável e limpa, uma série de incentivos tem sido implementada, como o estímulo ao desenvolvimento do mercado de energia solar e eólico.
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, a capacidade instalada de geração de energia solar no Brasil cresceu de cerca de 500 MW em 2015 para mais de 4 GW em 2020, com o incentivo do governo através de leilões de energia e da implementação de medidas fiscais para estimular o desenvolvimento desse tipo de projeto.
Para 2022, as estimativas do setor são ainda mais impressionantes. De acordo com Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a energia solar fotovoltaica atingiu 23,9 gigawatts (GW) de capacidade instalada no Brasil, ultrapassando a energia eólica (que tem 23,8 GW) e se tornando a segunda maior fonte de geração do Brasil.
Grande parte desse crescimento foi impulsionado pelo desenvolvimento do mercado de geração fotovoltaica distribuída, um mercado que quase não existia há 5 anos – conforme demonstrado no gráfico abaixo. Em 2021, a capacidade instalada aumentou 85% em relação ao ano anterior, atingindo 9,1 GW e adicionando 4,2 GW ao sistema. Para 2022, a estimativa é de crescimento de aproximadamente 100%.
Capacidade instalada da geração solar distribuída no país. Fontes: Absolar e BTG Pactual
Energias Renováveis: Bons exemplos no Brasil
Além dos incentivos governamentais, o próprio avanço das tecnologias tem promovido um barateamento desse tipo de solução, o que tem feito com que diversas empresas passassem a ter o seu próprio sistema de geração de energia, como é o caso do anúncio mais recente da Metalúrgica Gerdau (GOAU4).
Em novembro do ano passado, a companhia, que é a maior empresa brasileira produtora de aço, anunciou uma parceria com a Newave Capital, gestora de investimentos brasileira focada no setor de energia, para aquisição de participação societária no capital social da plataforma de geração de energias renováveis Newave Energia.
Além da participação societária, o negócio também inclui a aquisição de energia de longo prazo pela Gerdau e suas controladas, correspondentes a até 30% da energia gerada, visando gerar maior competitividade nos custos de produção de aço, além de abastecer as unidades industriais da Gerdau no País com energia renovável, como parte de seu compromisso de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa.
A Gerdau Next, que foi constituída em 2019 para alocar as novas unidades de negócio da Gerdau que atuam em segmento estratégicos e complementares ao business de aço, investirá até R$ 1,5 bilhão na Newave Energia, que por sua vez desenvolverá projetos exclusivamente de fonte solar ou eólica.
Atualmente, a Gerdau Next já reúne a G2L (logística digital), a G2B (fundações de edifícios residenciais e comerciais), a participação de 27,5% na Juntos Somos Mais (canal de venda online e fidelidade no varejo de materiais de construção), além de outras iniciativas, como o desenvolvimento de grafeno para aplicações automotivas e uma venture capital.
Interessante destacar a estratégia da Gerdau Next: buscar as principais linhas do balanço e transformá-las em receita. Hoje, por exemplo, já são um dos maiores movimentadores de carga com a G2L.
Outras companhias também enxergaram oportunidades interessantes no mercado de energia solar, como a Eneva (ENEV3), que realizou a aquisição da Focus Energia em 2021 e a Equatorial (EQTL3), com a compra da Echoenergia no início do ano passado.
Além dos benefícios claros de diversificação de suas linhas de negócio, a aplicação da geração fotovoltaica distribuída pode também reduzir os custos de operação das companhias e atrair mais investidores com mandatos de investimento em empresas que possuem as melhores práticas ESG (ambiental, social e de governança).
Fernando Ferrer é graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e possui MBA de Finanças pela mesma instituição. Atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa. Colunista da newsletter Day One, Fernando passou a integrar o time de colunistas do Money Times com sua série semanal Entre Altas e Baixas.