Energia renovável: Uma nova revolução verde
A revolução verde dos anos 1970 permitiu tirar o planeta do destino sombrio de que não haveria comida suficiente para alimentar a quantidade de pessoas nascendo em escala exponencial. Agora novamente precisamos desse salto tecnológico para superar a iminência de extinção gerada pelas mudanças climáticas.
A cada ano a transição para tecnologias mais limpas fica mais fácil. Porém, agora precisa ficar também mais barata.
Nesse caso, governos e empresas podem dar uma forcinha para acelerar o processo.
A Agência Internacional de Energia (AIE) comparou a produção de energia solar e a gás em países em desenvolvimento [1]. No Brasil, o custo de capital de projetos usando gás subiu mais que o solar, mas ainda tem mais eficiência (a solar gera metade da energia que a planta a gás).
Alternativas verdes
O custo de capital é o mínimo de retorno que uma empresa deve obter para compensar o valor investido (pelos acionistas, por exemplo) e o que lhe foi emprestado (pelos bancos ou órgãos de fomento).
O Brasil tem uma série de possibilidades de produzir energia renovável barata, não só solar, como eólica e, sobretudo, de origem biológica. O metano originado da pecuária e da decomposição lixo domiciliar orgânico é uma mina de biogás sendo desperdiçada.
O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa propôs para atingir uma meta de redução de 36% das emissões brasileira de metano até 2030 recuperar pelo menos 50% de todo metano gerado nos aterros sanitários, ampliar a recuperação de metano do tratamento de resíduos animais e alcançar 30% de terminação intensiva do rebanho bovino de corte [2], entre outras práticas;
Todas essas opções podem gerar aproveitamento energético, mas demandam incentivos regulatórios, capacitação, financiamento. Outra opção que poderia ser mais intensamente aproveitada é o setor sucroenergético.
Além do álcool anidro e hidratado para transporte, misturado na gasolina ou diretamente nos carros flex, o etanol celulósico e o hidrogênio derivado do etanol são alternativas eficientes.
Brasil deve ter visão de longo prazo
Mas é preciso achar formas de torná-las mais acessíveis, inclusive para que possa ser exportada para outros países.
Precisamos consertar a miopia que impede de enxergar o médio e longo prazo, adotando o lema: ter energia renovável mais circular, sustentável, barata e acessível do mundo. Para zerar as emissões de gases do efeito estufa e exportar, ainda nesta década, essas soluções para as partes do mundo que precisam ficar reféns dos combustíveis fósseis por mais tempo.
Contudo, investir no novo já é um desafio por si só. Ainda mais em meio a retrocessos institucionais, adversidades, instabilidades geopolíticas, crises de confiança e quebra de continuidade.
Foi justamente neste sentido uma das principais conclusões do Fórum Público da Organização Mundial do Comércio [3]: estamos enfrentando ‘policrises’ (climática, fome, guerra), o business as usual não pode ser mais aplicado nesse contexto, pois há o desafio de mudar do paradigma de ‘cadeias produtivas’ para ‘cadeias de valor’, transformando o comércio internacional para melhorar o meio ambiente e a vida das pessoas.
Verde é assunto na Rio+30
Inclusive este vai ser um dos temas a serem discutidos durante a Rio+ 30, que se aproxima. Compiladas na Agenda de Estocolmo [4], as propostas buscam criar um plano de ação para tornar realidade as cadeias de valor circulares e sustentáveis.
Assim, é preciso achar formas de orquestrar uma colaboração entre governos, empresas e sociedade para implementar um novo modelo produtivo mais digital, verde e inclusivo, superando o fator desconfiança e reforçando as relações comerciais, principalmente internacionais.
Como resultado, será possível trazer mais acesso a produtos melhores e com menores preços, promovendo, assim, o desenvolvimento socioambiental e econômico.
*Denny Thame pesquisa bioeconomia circular sustentável na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo
[1] IEA, International Energy Agency, Cost of Capital Observatory.
[2] IEMA, Instituto de Energia e Meio Ambiente; SEEG, Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa; OC, Observatório do Clima, Desafios e Oportunidades para a Redução das Emissões de Metano no Brasil.
[3] WTO, World Trade Organization, WTO Public Forum 2022 – “Towards a sustainable and inclusive recovery: ambition to action”, disponível em: <https://www.wto.org/english/forums_e/public_forum22_e/public_forum22_e.htm>. acesso em: 25 out. 2022.
[4] WBCSD, World Business Council for Sustainable Development, The Stockholm Action Agenda – Transforming Global Value Chains.
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