Energia nuclear: Veja como lucrar com um setor que ainda dará energia para muitos Carnavais
Agora não tem mais volta: o ano, de fato, começou. É hora de guardar as fantasias utilizadas no Carnaval, sacudir a poeira (ou seria o glitter?) e se preparar para os próximos meses de 2023.
Brincadeiras à parte, é óbvio que o ano não começa só agora. Só pode se dar a esse luxo quem não tem boleto pra pagar no final do mês — que acredito ser uma parte realmente pequena dos leitores dessa coluna.
Só que a ideia de hoje, ao meu ver, é uma história que devem maturar em outros Carnavais (no futuro). Uma alternativa de investimento que ainda tem um grande potencial de crescimento daqui pra frente.
Estou falando da energia nuclear, que é responsável por aproximadamente 10% da energia produzida ao redor do mundo.
Obviamente, quando esse assunto é trazido à tona, não demora muito para que alguém lembre dos riscos ligados a essa fonte de energia, com acontecimentos marcantes como os acidentes em Chernobyl e Fukushima sendo os principais motivos para aversão de seu uso.
Mas o que pouca gente sabe é que na França cerca de 70% da energia produzida no país é proveniente da energia nuclear. Ainda que a meta estabelecida pelo país seja reduzir esse percentual para a casa dos 50%, o país continua sendo um dos principais destinos para turistas de diversas nacionalidades.
Gráfico 1. Participação da energia nuclear no total produzido por país em 2021 | Fontes: World Nuclear Association e Empiricus
Ou seja, estruturado da maneira correta, é possível ter a energia nuclear como parte de uma matriz energética mais completa.
Tanto que o projeto de lei assinado no ano passado pelo presidente dos Estados Unidos Joe Biden (Inflation Reduction Act) separa US$ 30 bilhões em créditos tributários para dar suporte as usinas nucleares existentes no país — sem contar nos recursos destinados pelo projeto de infraestrutura assinado no ano passado.
De acordo com a Secretária de Energia dos EUA Jennifer Granholm, a energia nuclear será crucial para que o país consiga realizar a transição energética para fontes menos poluidoras do meio ambiente.
O problema é que a frota de reatores nucleares na Terra do Tio Sam, apesar de ser a maior do mundo, é também uma das mais antigas — a média de tempo de operação das usinas em operação é de 42 anos.
Figura 1. Usinas nucleares por país (tamanho do círculo) e tempo médio de operação (eixo vertical) | Fonte: Bloomberg
Além disso, a Alemanha decidiu postergar o fechamento das suas três últimas usinas nucleares, antes programado para encerrar as atividades no final de 2022. Ainda mais considerando não se tratar de uma fonte de energia irrisória do país (responsável por 11% do total produzido), a manutenção desses reatores permitiria que o gás natural que fosse utilizado para consumo geral tivesse outra destinação mais importante naquele momento.
Até porque o desespero parecia bater na porta dos alemães: em meados do ano passado, segundo a Bloomberg, a pesquisa pelo termo “brennholz” (lenha) no Google aumentou consideravelmente no país.
Energia nuclear: O melhor modo de investir no setor
Ainda que o inverno tenha sido menos rigoroso do que o esperado no continente europeu, é cedo para afirmar que o problema energético da região esteja resolvido, levando em consideração que a Guerra na Ucrânia ainda segue sem perspectiva de acabar, o que deve manter os mercados atentos ao longo de 2023.
Também ao final de 2022, a Nuclear Regulatory Commission — responsável pela definição de diretrizes ligadas a energia nuclear nos Estados Unidos — deu um novo gás para o setor aprovando o design de um reator modular de pequeno porte desenvolvido pela NuScale, o que significa que o modelo está de acordo com os requisitos de segurança definidos pelo órgão.
Obviamente as ações da companhia responderam positivamente a essa notícia, tendo valorizado quase 50% no dia do anúncio. Com um valor de mercado acima dos US$ 2,3 bilhões, para uma empresa com uma receita irrisória, não entraria no momento, mas definitivamente deixaria no radar para potenciais oportunidades no futuro.
Para aqueles que querem apostar no segmento, entendo que seja interessante diversificar uma pequena parcela do capital — no máximo 5% do portfólio para aqueles investidores mais agressivos, ou 1% a 2% para os mais avessos ao risco — por meio de ETFs que investem no setor. Algumas opções disponíveis hoje no mercado são o Sprott Uranium Miners ETF (NYSE: URNM) ou o Global X Uranium ETF (b3: BURA39 | NYSE: URA).
Mas importante lembrar que essa é uma tese de investimento que você, para dar certo, o investidor tem que aceitar o risco de estar com essa posição em algum Carnaval da próxima década.
Enzo Pacheco é formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Um entusiasta do assunto “investimentos” — tendo se interessado desde os tempos de universitário —, desde 2017 foca exclusivamente na análise dos mercados internacionais nas séries da Empiricus voltadas a esse propósito (Investidor Internacional e MoneyBets).