Empréstimo em avaliação para elétricas poderia envolver R$ 17 bilhões
Uma operação em avaliação no governo que envolveria empréstimos emergenciais para apoiar distribuidoras de energia, que temem sofrer fortes perdas devido a impactos do coronavírus sobre o setor, poderia movimentar até cerca de 17 bilhões de reais, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento das conversas.
As concessionárias de distribuição têm mostrado preocupação com a acentuada redução da demanda por energia e com uma possível disparada da inadimplência devido a medidas de isolamento adotadas pelo Brasil contra a disseminação do vírus.
Uma das saídas que vêm sendo discutidas pelo segmento junto ao governo seria a viabilização de empréstimos às elétricas para cobrir perdas de caixa enquanto durar a crise gerada pela pandemia, embora a ideia ainda não seja um consenso entre os envolvidos nas negociações, disse uma das fontes.
A possível operação de apoio às elétricas, que poderia envolver o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou um “pool” de bancos, incluindo privados, foi alvo de ampla reunião entre governo e representantes de distribuidoras nesta quinta-feira, com participação de dezenas de pessoas por meio de videoconferência, disseram as fontes.
“Falam em aproximadamente 17 bilhões de reais”, disse a primeira fonte, que falou sob a condição de anonimato porque as conversas sobre o tema são privadas.
“Há diversos cenários, esse valor está dentro dos cenários, mas não é o único (projetado). Isso é basicamente considerando perdas de mercado e questões de inadimplência”, disse uma segunda fonte, que tem conhecimento das discussões.
Até o momento, no entanto, não há decisão tomada, uma vez que o governo e técnicos do setor de energia que participam das conversas ainda não chegaram a um consenso sobre a necessidade ou conveniência dos empréstimos de apoio às distribuidoras e sobre como lidar com eventuais impactos sobre os consumidores.
Há no momento uma visão mais favorável à operação no Ministério de Minas e Energia, enquanto parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem mostrado resistência caso a saída desenhada envolva repasse de custos aos consumidores finais, disse a primeira fonte.
Segundo essa fonte, há hoje mais diretores contrários à ideia na Aneel do que favoráveis.
Em meio às negociações com o governo por ajuda, diversas distribuidoras enviaram na quarta-feira notificações a geradores em que classificam a pandemia de coronavírus como um “evento de força maior” que poderia justificar reduções de volumes em contratos de compra de energia.
A italiana Enel (ELPL3;ELPL4), uma das que enviou os avisos, destacou nas notificações que tem mantido interlocução com autoridades “em busca de uma solução sistêmica” para os problemas ocasionados pelo coronavírus.
Procurado, o Ministério de Minas e Energia não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.