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Empresas deveriam acabar com divulgações trimestrais de resultados, diz fundo soberano da Noruega

21 jan 2025, 18:13 - atualizado em 21 jan 2025, 18:14
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(Imagem: Pixabay/tespeseth)

O fundo soberano da Noruega, um importante investidor global, disse nesta terça-feira que está propondo que as empresas de capital aberto deixem de divulgar resultados trimestrais e optem  por balanços semestrais, a fim de incentivar uma melhor tomada de decisões de longo prazo.

O fundo de 1,8 trilhão de dólares detém participações em cerca de 9 mil empresas em mais de 70 países, o que representa 1,5% das ações listadas do mundo e lhe dá uma voz influente nas finanças globais.

“Relatórios semestrais regulares, complementados por atualizações contínuas de informações relevantes, devem atender adequadamente às exigências de divulgação”, disse o gestor do fundo, Norges Bank Investment Management (NBIM), em um relatório que descreve sua opinião.

O número de corporações listadas em bolsas de valores públicas diminuiu nas últimas décadas, e mais empresas agora são controladas por fundos de private equity, nos quais o NBIM é impedido pelo governo norueguês de investir.

O fundo argumentou que os ciclos de balanços trimestrais levam ao risco de as empresas priorizarem resultados de curto prazo e o cumprimento das previsões dos analistas em detrimento do investimento de longo prazo, da criação de valor e do desenvolvimento sustentável.

“O curto prazo pode minar os benefícios de ser listado publicamente e desencorajar as empresas com estratégias de longo prazo a abrirem ou permanecerem em bolsa”, disse o fundo norueguês, acrescentando que essa tendência limita a capacidade dos investidores de diversificar riscos.

O presidente-executivo do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, em uma carta aos acionistas no ano passado, disse que a intensificação das exigências de relatórios e a “pressão implacável dos resultados trimestrais” provavelmente estão entre os fatores que levam as empresas a se absterem de abrir o capital.

Economizando a receita do petróleo para as gerações futuras, o fundo norueguês cresceu de zero em 1996 para um valor mais de três vezes superior ao do produto interno bruto anual da Noruega, ou 310 mil dólares para cada norueguês.

O fundo detinha 72% de seus ativos em ações em 30 de junho de 2024, sua última data de divulgação, 26% em mercados de renda fixa, 1,7% em imóveis não listados e 0,1% em infraestrutura de energia renovável não listada, como parques eólicos

reuters@moneytimes.com.br