Empresas de veículos autônomos avançam e deixam para trás reguladores dos EUA
Empresas de veículos autônomos dos Estados Unidos estão correndo para começar a ganhar dinheiro com a tecnologia, deixando pelo caminho esforços de legisladores que tentam criar normas para regular carros cujos fabricantes afirmam que não precisam de motoristas humanos.
Propostas de regras para a criação de um arcabouço jurídico que regule os veículos autônomos seguem paradas no Congresso dos EUA.
Isso tem deixado as empresas de veículos autônomos livres para lançarem operações com táxis-robôs ou caminhões autônomos em alguns Estados do país, como Arizona e Texas. A Waymo, por exemplo, já executou milhares de corridas com seus táxis autônomos em Phoenix.
Na terça-feira, a Cruise disse que o SoftBank investirá mais 1,35 bilhão de dólares em antecipação ao lançamento de operações comerciais com táxis-robôs. Mas a empresa ainda precisa de uma permissão, da Comissão de Serviços Públicos da Califórnia, para começar a cobrar por viagens feitas em São Francisco por veículos sem motorista humano.
A Aurora está testando seu sistema em caminhões Class 8, mas até agora não pode operar esses veículos na Califórnia sem motoristas humanos.
Cruise, da General Motos; Tesla (TSLA), Waymo, da Alphabet; e Aurora Innovation estão entre as muitas empresas que pretendem implantar a tecnologia de veículos totalmente autônomos nos EUA nos próximos anos, independentemente de os reguladores federais aprontarem um quadro que garanta segurança jurídica para a tecnologia e seus usuários.
Proteção aos empregos
Os sindicatos, no entanto, defendem que o Congresso dos EUA seja cético diante de promessas da indústria de que tecnologias como as que permitem o uso de caminhões que não precisam de caminhoneiros não vão produzir desemprego.
“Corremos o risco… de perder centenas de milhares de empregos em manufatura e transporte se o Congresso não agir de forma decisiva e a indústria ficar completamente desregulada”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes, John Samuelsen, a um painel da Câmara dos Deputados na terça-feira.
Sindicatos também querem que as empresas de veículos autônomos divulguem mais dados sobre acidentes e outros aspectos de seus sistemas.
“Todos os trabalhadores merecem saber que um veículo autônomo ou um robô que viaja perto deles é seguro o suficiente para usar a mesma estrada ou local de trabalho”, disse Doug Bloch, da Teamsters.
Na ausência de novas leis adaptadas aos veículos automatizados, a agência de segurança de transporte dos EUA (NHTSA) apresentou diretrizes voluntárias e no ano passado exigiu que as empresas relatassem acidentes envolvendo sistemas de direção autônoma.
Apesar disso, o presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, não fez menção a preocupações sobre regulação durante uma reunião com investidores em 26 de janeiro, quando ele afirmou que a empresa poderá em breve usar uma atualização de software em seus veículos para permitir que eles sejam usados em serviços de transporte autônomo.
“Ficarei chocado se não alcançarmos a direção totalmente autônoma e mais segura que a com humanos este ano”, disse Musk.
Um caminho potencial para a indústria e os defensores da segurança envolve acordos voluntários sobre padrões, disse David Harkey, presidente do Instituto de Seguros para Segurança de Rodovias (IIHS), uma organização de pesquisa de segurança veicular apoiada pela indústria de seguros. Harkey disse que o IIHS poderia fazer parte de tal esforço.
“Temos que chegar a um ponto em que não estejamos no Velho Oeste”, disse ele.