Money Times Entrevista

Empresas da Bolsa pioraram muito, diz gestor

09 jan 2023, 18:27 - atualizado em 10 jan 2023, 19:35
Tomás Awad, sócio-fundador da 3R Investimentos. (Divulgação)
Tomás Awad, sócio-fundador da 3R Investimentos. (Divulgação)

A Selic, a taxa básica de juros, a dois dígitos durante praticamente todo o ano passado refletiu em companhias “cada vez mais endividadas“, na avaliação do sócio-fundador da 3R Investimentos, Tomás Awad.

“As empresas pioraram muito”, afirmou ao Money Times o também analista da asset que tem R$ 800 milhões sob gestão. “De setembro de 2021 para setembro de 2022 houve uma piora brutal no resultado operacional das companhias”.

Awad avaliou que os balanços do quarto trimestre, cuja temporada de divulgação começa neste mês, devem deixar mais claro a fragilidade das companhias – em especial, segundo ele, daquelas ligadas ao consumo. “Haverá uma revisão das projeções para baixo”, afirmou.

O especialista ainda vê o primeiro semestre de 2023 “muito difícil” para as ações brasileiras, em linha com o que a maioria dos agentes do mercado tem dito. “A cereja do bolo é governo”, criticou, em referência aos nomes do primeiro escalão.

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Via e Magazine Luiza

Para o gestor, a Via (VIIA3) precisa de capital “urgente” e o Magazine Luiza (MGLU3), segundo ele, estaria indo para o mesmo caminho.

“Com a covid-19 [e a redução da taxa básica de juros], algumas empresas tiveram uma janela de investimento/receita, que veio sem custo. Agora, há o custo e todo mundo investiu na mesma coisa”.

O gestor lembrou ainda que “muita gente” no mercado de consumo foi para o alta renda – tese que, segundo ele, a 3R nunca acreditou. “A hora que a economia afunda, afunda todo mundo”, disse.

Awad comentou que não vê reversão da tendência no curto prazo via margem bruta. O mercado, segundo ele, busca crescimento de receita. “Não sei se cabe cortar custo”, ponderou.