Empresas como Goldman e Apple posicionam marcas sobre racismo
A MTV ficou fora do ar por 8 minutos e 46 segundos. O Goldman Sachs prometeu US$ 10 milhões “para ajudar a combater a injustiça racial e econômica”. E a Nike reformulou seu antigo slogan para estes tempos difíceis: “For Once, Don’t do It” (pela primeira vez, não faça isso).
Grandes corporações agiram com velocidade atípica para posicionar suas marcas e enviar mensagens sobre a mais recente crise dos Estados Unidos devido ao racismo e à brutalidade policial.
Desde 25 de maio, quando a morte de George Floyd por policiais brancos provocou protestos em todo o país, quase todas as 50 maiores empresas dos EUA responderam publicamente às manifestações.
Embora as respostas tenham, previsivelmente, variado de empresa para empresa e de setor para setor, uma coisa é clara: o silêncio sobre o racismo não é mais opção. Muitas empresas se preocupam com a perda de clientes e funcionários se não adotarem uma posição pública.
No entanto, cada publicação nas redes sociais pode desencadear uma discussão on-line que imita as frentes de batalha em todo o país, com eventos que mudam rapidamente e temores arraigados.
Ao contrário das mensagens melosas em apoio a enfermeiras e trabalhadores essenciais que lutam contra a pandemia de coronavírus ou um apelo à unidade após o 11 de setembro, não há um meio de comunicar uma mensagem feliz sobre privilégios de brancos.
“A regra do dia é justamente fazer isso”, disse Karen Boykin-Towns, assessora sênior da empresa de relações públicas Sard Verbinnen & Co., sobre o envolvimento no assunto. “É sobre responsabilidade social, é sobre responsabilidade corporativa.”
Americanos negros, já atingidos pelo coronavírus que é duas ou três vezes mais mortal em suas comunidades, transportaram os protestos das ruas para as redes sociais, argumentando que o silêncio corporativo é o mesmo que cumplicidade.
Suas mensagens foram divulgadas em hashtags como #WeAreDoneDying (não queremos mais morrer), pedindo às empresas e outras entidades que mostrem apoio a mudanças.
Embora Starbucks, JPMorgan Chase e outras empresas tenham se manifestado depois que o adolescente Michael Brown foi baleado em 2014 pela polícia em Ferguson, Missouri – provocando protestos que se espalharam para outras cidades -, o envolvimento desta vez foi exponencialmente maior.
Isso ocorre em parte porque os protestos foram mais difundidos e também porque as batalhas pelos direitos LGBT, a polarização da presidência de Trump e o impasse no Congresso sobre questões sociais já pressionavam empresas a preencher a lacuna.
Entre as 50 maiores empresas dos EUA, todas, exceto a Abbott Laboratories, Berkshire Hathaway, Costco Wholesale, Chevron, Exxon Mobil e Nvidia, fizeram algum tipo de declaração pública em apoio aos negros americanos em 3 de junho.
Doações de quase US$ 1,1 bilhão foram prometidas ao movimento Black Lives Matter, associação NAACP, reconstrução ou programas de conscientização das comunidades – e o valor não inclui promessas monetárias sem um preço definido.
O CEO da Apple, Tim Cook, pediu justiça para ajudar Minneapolis a se curar. A Intel prometeu US$ 1 milhão para causas de justiça social. E a Microsoft usou sua página no Twitter para promover opiniões de funcionários negros.