Internacional

Empresas britânicas não acreditam na rapidez do Brexit

06 nov 2019, 16:44 - atualizado em 06 nov 2019, 16:44
Brexit Reino Unido
“O impacto real do Brexit não começará até o final da transição”, disse Lucy Fergusson, sócia da Linklaters (Imagem: REUTERS/Tom Nicholson)

Para empresas britânicas, o discurso eleitoral de Boris Johnson ‘Get Brexit Done’, a promessa de concluir o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, soa com uma pitada de pessimismo: os empresários sabem que a confusão deve continuar até 2020, ou além disso.

Mesmo se o primeiro-ministro ganhar a maioria parlamentar em dezembro e aprovar seu acordo de retirada do Brexit, as empresas britânicas devem enfrentar mais um ano de incertezas antes que uma nova relação econômica, ainda a ser negociada com a UE, comece no início de 2021.

“O impacto real do Brexit não começará até o final da transição”, disse Lucy Fergusson, sócia da Linklaters, em Londres, referindo-se ao período de paralisação em que as relações comerciais entre o Reino Unido e a UE permaneceriam as mesmas.

Se voltar ao poder, 2020 seria um ano crítico para Johnson, que buscaria um acordo de livre comércio com o bloco. Seu acordo de retirada, que cobria assuntos delicados, como direitos dos cidadãos, o pagamento do divórcio e evitar uma fronteira na ilha da Irlanda, representou apenas o primeiro passo.

O próximo será negociar um acordo para substituir o acesso livre de tarifas ao mercado único que as empresas britânicas desfrutam há muito tempo.

Os executivos temem que Johnson aceite um maior confronto no comércio – como tarifas e cotas – em troca de uma maior liberdade de divergir dos padrões da UE. Se ele não conseguir um acordo com a UE, o maior parceiro comercial do Reino Unido, o país pode acabar saindo nos termos da Organização Mundial do Comércio.

Sob o acordo de Johnson, o Reino Unido tem até 1º de julho para solicitar uma extensão do período de transição após o fim de 2020. Até agora, seu governo descarta essa possibilidade.

A conclusão de um amplo acordo de livre comércio em 2020 será impossível porque há muitas coisas para resolver, disse Anna Jerzewska, especialista em aduana e consultora independente das Câmaras de Comércio Britânicas.

Na melhor das hipóteses, o Reino Unido e a UE poderão fechar um acordo apenas de mercadorias, com a possibilidade de seguir negociando no futuro, disse.

De qualquer forma, muitas empresas acham que a adaptação a um novo acordo de livre comércio é tão problemática quanto se o Reino Unido saísse sem um pacto, disse Sam Lowe, pesquisador sênior do Center for European Reform.

“Isso ainda criaria muito mais atrito comercial e custo do que existe atualmente“, disse Lowe, citando a necessidade de as empresas lidarem com questões como documentação das regras de origem, declarações alfandegárias e de segurança e outras formalidades de importação e exportação.

“Por mais ambicioso que seja o acordo, existem limites conhecidos sobre sua capacidade de liberalizar o comércio.”

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