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Empresas brasileiras levantam maior volume de recursos no mercado de ações desde 2010

11 out 2019, 11:06 - atualizado em 11 out 2019, 11:09
Executivos de bancos de investimentos esperam que o ano termine com cerca de 50 ofertas, e que cresça o interesse pelas aberturas de capital conhecidas como IPOs (Imagem: Reinaldo Canato)

Empresas brasileiras levantaram este ano o maior volume de recursos da década, com o impulso de taxas de juros historicamente baixas, progresso em reformas macroeconômicas e sinais de recuperação da economia, enquanto o valor de fusões e aquisições caiu.

Empresas desde a Petrobras (PETR3PETR4) até a locadora de veículos Localiza (RENT3) levantaram 17,1 bilhões de dólares em 34 transações nos primeiros nove meses de 2019, quase o triplo do volume no mesmo período do ano passado. O total movimentado nos primeiros nove meses do ano é maior que os totais anuais de todos os anos desde 2010.

Excluindo a mega oferta de ações da Petrobras naquele ano, o volume captado é o maior desde 2007.

O volume de transações de fusões e aquisições caiu 20%, para 31 bilhões de dólares, em parte devido à competição com mercados de capitais líquidos, que deram alternativas às empresas e seus acionistas em casos de vendas de ativos. A fraca recuperação econômica também afetou os negócios.

Mas o crescimento das captações com venda de ações poderá ter um efeito positivo sobre futuras aquisições.

“Quando as empresas conseguem captar recursos baratos com dívida ou emitem ações, é natural um posterior aumento das fusões e aquisições como consequência de empresas capitalizadas”, disse o presidente do Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema.

Executivos de bancos de investimentos esperam que o ano termine com cerca de 50 ofertas, e que cresça o interesse pelas aberturas de capital conhecidas como IPOs.

Joalheria Vivara foi uma das quatro empresas brasileiros que realizaram IPOs em 2019 (Imagem: Facebook Vivara)

Neste ano, só quatro empresas fizeram IPOs: a controladora da varejista  Centauro (CNTO3), Grupo SBF, a empresa de energia elétrica  Neoenergia (NEOE3), a empresa de educação Afya e a joalheria Vivara (VIVA3).

“O ano de 2019 será o de ofertas subsequentes de ações, mas já estou vendo empresas superando a inércia dos IPOs e planejando listagens”, disse Fabio Nazari, chefe de renda variável do BTG Pactual (BPAC11), que assessorou 21 operações este ano.

Mesmo setores que não tiveram ofertas nos últimos anos, como construtoras e bancos, estão de volta à fila de IPOs, disse Hans Lin, chefe de banco de investimento do Bank of America no Brasil.

Em fusões e aquisições, a maior parte do volume foi relacionado a negócios de infraestrutura e petróleo e gás, principalmente pelo programa de desinvestimento da Petrobras.

O leilão de áreas da cessão onerosa deve ajudar a impulsionar investimentos no setor, segundo Eduardo Miras, que chefia a área de banco de investimento do Citigroup.

Os dois maiores negócios do ano, tanto em ações quanto em fusões e aquisições, foram feitos pela Petrobras: a empresa arrecadou 2,5 bilhões de dólares com a privatização via oferta de ações da Petrobras Distribuidora e 8,7 bilhões de dólares vendendo a empresa de gasodutos TAG para a francesa Engie.

“As privatizações e vendas de ativos por parte do governo brasileiro devem continuar representando grande parte dos negócios, tanto em fusões e aquisições quanto em ofertas de ações”, disse Roderick Greenlees, chefe global da área de banco de investimento do Itaú BBA.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, vem tocando uma agenda de privatizações ambiciosa e já superou a meta de vendas neste ano, com vendas de 96 bilhões de reais (23,5 bilhões de dólares).

Com a taxa Selic na mínima histórica de 5,5% ao ano, investidores locais estão migrando da renda fixa para investimentos mais arriscados. A entrada líquida de recursos para fundos multimercado e de ações neste ano chegou a 21,8 bilhões de dólares em agosto, e já superou o total do ano passado.

Banqueiros como Ricardo Lacerda, sócio do banco de investimentos BR Parners, também esperam uma aceleração dos negócios envolvendo empresas de tecnologia até o ano que vem, com o investidor japonês Softbank alocando capital de seu fundo de venture capital para a América Latina de 5 bilhões de dólares.

“Acredito que algumas empresas capitalizadas podem comprar companhias da economia real”, diz Lacerda.

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