Eleições

Empresários investigados estariam pressionando funcionários e planejando ações ‘antidemocráticas’, segundo a PF

29 ago 2022, 18:01 - atualizado em 29 ago 2022, 18:01
Alexandre de Moraes
(Imagem: Isac Nóbrega/PR)

Nesta segunda-feira (29), o ministro Alexandre de Moraesdo Supremo Tribunal Federal (STF), tirou o sigilo do inquérito que investiga empresários ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma operação contra o grupo, que trocam mensagens por aplicativo, foi autorizada pelo ministro na última semana, gerando revolta do presidente e seus aliados.

Nos documentos divulgados, a Polícia Federal pede a adoção de medidas voltadas ao esclarecimento dos fatos, especialmente considerado o momento pré-eleitoral de acirramento da polarização, destacando que as condutas investigadas podem resultar em ações violentas por adesão de voluntários, considerando o meio em que se praticam os atos (aplicativos de comunicação).

A PF, em sua petição, também indica que os empresários estariam em cooptação de pessoas em razão do poder econômico e utilização da posição hierárquica junto a funcionários para angariar votos ao candidato apoiado pelos empresários por meio de pagamento de “bônus em dinheiro ou em prêmio legal para todos os funcionários”.

A representação da polícia federal indica que os envolvidos no “WhatsApp Empresários & Política” são os mesmos investigados em 2019 no grupo “Brasil 200 Empresarial”, investigados por financiamento na produção e divulgação de notícias fraudulentas e na organização de atos antidemocráticos

Em sua decisão, o ministro Alexandre de Moraes ressaltou a existência do mesmo modus operandi identificado no inquérito de 2019, com uma estrutura destinada à propagação de ataques ao Estado Democrático de Direito, ao Supremo Tribunal Federal, ao Tribunal Superior Eleitoral, além de autoridades vinculadas a esses órgãos, com estratégias de divulgação bem definidas.

Essas condutas, de elevado grau de periculosidade segundo o ministro, se revelam não apenas como meros “crimes de opinião”. Em sua decisão, Alexandre de Moraes indica que os investigados funcionam como líderes, incitando a prática de diversos crimes e influenciando diversas outras pessoas, ainda que não integrantes da organização, a praticarem delitos.

A decisão destacou que o poder de alcance das manifestações ilícitas fica absolutamente potencializado considerada a condição financeira dos empresários apontados como envolvidos nos fatos, eis que possuem vultosas quantias de dinheiro, enquanto pessoas naturais, e comandam empresas de grande porte, que contam com milhares de empregados, sujeitos às políticas de trabalho por elas implementadas.

Esse cenário, na avaliação do ministro, exige uma reação absolutamente proporcional do Estado, no sentido de garantir a preservação dos direitos e garantias fundamentais e afastar a possível influência econômica na propagação de ideais e ações antidemocráticas.

Leia a íntegra da decisão que retirou o sigilo.

Leia a íntegra da representação da PF.

Leia a íntegra da manifestação do juiz instrutor.

Leia a íntegra da decisão que autorizou a operação.

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