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Empresário é preso durante operação que investiga fraude no Carf

12 mar 2019, 9:15 - atualizado em 12 mar 2019, 23:02
Também foram cumpridas 23 ordens de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais (Arquivo/Agência Brasil)

O empresário Átila Reys Silva foi preso temporariamente durante a Operação Checkout, deflagrada hoje (12) pelo Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal e Receita Federal para apurar irregularidades em processos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

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Segundo a procuradoria, Silva atuava como lobista, intermediando negociatas para o favorecimento de companhias com pendências em tramitação no órgão vinculado ao atual Ministério da Economia.

Também foram cumpridas 23 ordens de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. De acordo com o MPF, Silva tinha acesso a informações fiscais sigilosas e oferecia facilidades ilícitas a empresas contra as quais havia cobranças de impostos em atraso e multas. “O investigado integrava uma extensa rede de agentes, que incluía também advogados, servidores públicos e ao menos dois membros do Conselho”.

A ação de hoje foi um desdobramento da Operação Descarte, ocorrida há pouco mais de um ano, que prendeu suspeitos e recolheu provas sobre um esquema de lavagem de dinheiro usando empresas de fachada. A partir dessas evidências, a polícia chegou ao empresário que, segundo as investigações, administrava uma conta em nome de uma empresa fantasma usada para receber dinheiro vindo do esquema.

O caso que levou à Operação Checkout envolve a empresa CVC Turismo, que teve dívidas de R$ 161 milhões abatidas por decisão do Carf em 2014 após o pagamento de R$ 39 milhões em propinas ao grupo.

Durante as buscas, os investigadores localizaram documentos e dispositivos, e também joias, além de cerca de R$ 85 mil em espécie. O MPF aponta que, a partir do material apreendido, as autoridades pretendem identificar todos os destinatários da propina milionária. A procuradoria aponta que o lobista e as duas empresas vinculadas a ele receberam a maior fatia do dinheiro.

Há indícios ainda de que parte da propina foi transferida para empresas de fachada e parte para companhias que faziam a emissão das cifras para o exterior. O grupo é investigado pelas práticas de sonegação tributária, corrupção ativa e passiva e organização criminosa, além de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

O presidente da CVC Turismo, Guilherme Paulus, foi alvo da Operação Descarte no ano passado

CVC Turismo

O presidente da CVC Turismo, Guilherme Paulus, foi alvo da Operação Descarte no ano passado e, segundo a assessoria de imprensa do empresário, firmou acordo de delação com o Ministério Público e a Polícia Federal, expondo o esquema. “Nessa condição, o empresário prestou os esclarecimentos requeridos pelas autoridades e assumiu compromisso de confidencialidade sobre seu depoimento”, informou em nota.

Paulus foi fundador da CVC Brasil e vendeu o controle acionário da operadora e agência de viagens em 2010, tendo permanecido no conselho administrativo da empresa até 2018. Segundo a assessoria, ele pediu afastamento após a deflagração da operação do ano passado. Aponta ainda que, atualmente, ele não mantém nenhum vínculo com a CVC Brasil.

O Carf informou, por meio de nota, que teve conhecimento das denúncias envolvendo o órgão por meio da imprensa. “Aguardaremos o desdobramento das investigações e estaremos disponíveis para ajudar no que for preciso a fim de que todos os fatos sejam esclarecidos”, diz o texto.

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