Internacional

Empresariado na Argentina clama por plano econômico

21 out 2019, 16:15 - atualizado em 21 out 2019, 16:15
Com a eleição de 27 de outubro se aproximando, a economia está em profunda recessão (Imagem: Pixabay)

Executivos argentinos já se conformaram que seu candidato preferido vai perder a eleição presidencial, então agora só querem saber o plano do próximo governo para salvar a economia.

Este foi o sentimento dominante entre os quase mil executivos, acadêmicos. banqueiros e analistas que se reuniram em Mar del Plata na semana passada para a conferência anual IDEA.

Passado o choque inicial com a derrota acachapante do presidente Mauricio Macri nas eleições primárias, eles estão desesperados para saber como o candidato de esquerda Alberto Fernández pretende domar a inflação, impulsionar o crescimento, incentivar investimentos e aplicar impostos.

A ansiedade é compreensível. Com a eleição de 27 de outubro se aproximando, a economia está em profunda recessão, o peso se desvalorizou 35% desde o início do ano, os controles de capital estão de volta e parece que os detentores de títulos de dívida vão partir para a reestruturação.

Mais que os detalhes do plano para alongar os vencimentos das dívidas, os empresários argentinos querem saber é se alguém tem um plano com credibilidade para melhorar a situação.

“A Argentina precisa primeiro de um plano econômico”, disse Julio Figueroa, comandante das operações do Citigroup no país, a jornalistas durante o evento. “Não é preciso um plano mágico, apenas realista. “

O sentimento em Mar del Plata parecia ser o mesmo de Washington, onde a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, declarou, na quinta-feira, que as negociações a respeito da linha de crédito da Argentina podem continuar quando as medidas planejadas pelo próximo governo forem reveladas.

“Estaremos muito interessados”, disse Georgieva, acrescentando que o FMI está “totalmente comprometido em trabalhar com a Argentina e garantir melhorias”.

Em Mar del Plata, os participantes da conferência estavam decepcionados com o fato de não terem recebido qualquer informação nova do próprio Fernández. A agenda do evento mencionava uma aparição do candidato “a ser confirmada”, mas ele não apareceu. Macri falou por videoconferência, garantindo ao público que sua campanha ainda não acabou. Nas eleições primárias, ele terminou com 16 pontos percentuais de desvantagem.

Os dados divulgados durante a conferência não foram animadores. Em uma pesquisa com 240 líderes empresariais apresentada pela consultoria D´Alessio IROL, realizada em outubro, apenas 34% das empresas esperavam aumento de vendas nos próximos 12 meses. A parcela chegava a 70% na sondagem feita em julho.

Tamanho desânimo encheu o bar. Entre coquetéis e petiscos, os executivos trocavam boatos sobre a potencial composição do gabinete de Fernández e sua influência sobre a política governamental. Mas havia também a sensação de que os nomes não importam porque não existe muita esperança.

Marcos Galperin, presidente da varejista online e processadora de pagamentos MercadoLibre, tentava entender como Fernández vai pagar por todos os gastos sociais prometidos durante a campanha.

“Não tem como 6 milhões de trabalhadores formais gerarem recursos suficientes para 15 milhões de pobres”, disse ele.

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