Empresa de imóveis de Lemann, Sicupira e Telles encerra ano no prejuízo
A São Carlos (SCAR3), empresa controlada pelo trio de acionistas da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, encerrou o quarto trimestre de 2022 com prejuízo recorrente de R$ 3 milhões, ante cifra negativa de R$ 8,5 milhões do mesmo período do ano passado.
Já em 2022, a companhia reverteu o lucro de R$ 72 milhões de um ano antes e terminou o período com prejuízo de R$ 11 milhões.
Por outro lado, a receita com locação subiu 6,8% no quarto trimestre, para R$ 86,6 milhões. O Ebitda, que mede o resultado operacional, ficou em R$ 67 milhões, alta de 23,8%, “explicado principalmente pela maior ocupação nos nossos empreendimentos”.
“O destaque no trimestre foi o segmento Office, com crescimento de 23,6% e margem de 82,1%”, completa.
Segundo a mensagem da administração, as prioridades da empresa para 2023 serão: o combate a vacância, a reciclagem seletiva de ativos e a redução da alavancagem financeira.
“Estamos confiantes na retomada do setor imobiliário, e entendemos os desafios atuais do setor, muito impactado pelo elevado custo de capital para novos projetos. O nosso sucesso permanecerá ligado à disciplina na alocação de capital e expertise do nosso time – diferenciais da São Carlos para geração de valor superior aos nossos acionistas”, completa.
Ainda segundo a companhia, o resultado financeiro consolidado no trimestre foi impactado pelo aumento das despesas financeiras dos financiamentos das aquisições realizadas nos últimos 12 meses e pelo aumento das taxas de juros no período.
A São Carlos encerrou o trimestre com dívida líquida de R$ 1,7 bilhão, crescimento de 2,5% em 12 meses.
“Essa alta reflete as captações de financiamentos para as aquisições de imóveis realizadas nos últimos 12 meses”, justifica.
Ligação entre São Carlos e trio bilionário
A São Carlos surgiu em 1985 a partir da cisão dos ativos imobiliários da Lojas Americanas (AMER3), controlado por Lemann desde 1980. O objetivo era operar de modo independente a gestão de imóveis e facilitar a entrada da varejista pelo interior do país.
A ideia teria partido de Beto Sicupira, segundo relata a jornalista Cristiane Correa, no livro Sonho Grande, sobre a ascensão do trio. O executivo era visto como um obcecado por corte de custos na varejista, marca que ficou famosa nas empresas administradas pelo grupo.
Só a partir de 1999 que a empresa deu início a sua diversificação de patrimônio, com a cisão dos ativos imobiliários da Americanas.
Hoje, os acionistas possuem 30 milhões de ações da companhia, com participação de 53,42% do total. Além disso, entre os membros do conselho de administração está Jorge Felipe Lemann, filho de Lemann.
Com informações do O Estado de S. Paulo
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