Empresa de capital de risco foca em revolução alimentar
Dois veteranos da tecnologia do Vale do Silício apoiam uma revolução alimentar quando a mudança climática e a pandemia de coronavírus atraem bilhões de dólares em investimentos destinados a soluções agrícolas sustentáveis.
A Astanor Ventures, empresa de capital de risco de Bruxelas fundada por Eric Archambeau e George Coelho, captou US$ 325 milhões para um fundo que investirá exclusivamente em alimentos, agricultura e tecnologia oceânica.
O fundo terá como alvo startups e empreendedores da Europa e da América do Norte focados na solução de problemas para a produção de alimentos e no combate à mudança climática, disse a Astanor na sexta-feira.
As chamadas agritechs atraíram financiamento recorde neste ano, à medida que investidores buscam tornar a agricultura mais sustentável.
A mudança climática, o crescimento da população e, mais recentemente, a pandemia estimularam a busca por fontes alternativas de alimentos, cadeias de abastecimento mais curtas e formas de adaptação a um clima cada vez mais imprevisível.
“Todo o sistema precisa ser consertado”, disse Archambeau em entrevista. “Você precisa desse desenvolvimento em inovação mecânica e biotecnológica para que isso aconteça.”
Archambeau, ex-presidente da Jamie Oliver Food Foundation, fundou a empresa com Coelho em 2017. Até agora, eles investiram em mais de 20 startups europeias e dos EUA nos segmentos de agricultura e produção de alimentos.
Entre elas está a Ynsect, criadora de insetos francesa, e a empresa de agricultura vertical Infarm, com sede em Berlim.
Outras empresas incluem a La Ruche Qui dit Oui, uma plataforma francesa de negociação da fazenda à mesa, e a Apeel Sciences, empresa californiana que combate o desperdício de alimentos.
Há uma necessidade urgente de renovar a agricultura moderna, que é pensada para fornecer alimentos baratos e abundantes em detrimento da qualidade, recursos e meio ambiente, disse Archambeau.
Mais pessoas querem comer de forma saudável, enquanto a Covid-19 destacou a necessidade de cadeias de suprimentos mais resilientes e mais curtas, afirmou.
O fundo de capital de risco – o maior do mundo focado exclusivamente em agritechs, de acordo com dados da Dealroom – atraiu recursos de family offices, fundos de dotação e de um braço de investimento do Morgan Stanley.
“Procuramos pessoas ambiciosas e com uma missão”, disse Archambeau. “Sabemos que existem muitos obstáculos, mas também sentimos que uma nova geração de agricultores entende os problemas. Não vai ser da noite para o dia, mas somos investidores pacientes.”