Empresa de análise genômica chinesa que fornece testes de Covid trabalha com militares chineses
O BGI Group, maior empresa especializada em genômica do mundo, tem trabalhado com militares da China em pesquisas que vão desde testes em massa de patógenos respiratórios até ciências do cérebro, segundo análise da Reuters de pesquisas, pedidos de patentes e outros documentos.
A análise de mais de 40 documentos publicamente disponíveis e artigos de pesquisa em chinês e inglês mostra que as ligações do BGI com o Exército de Libertação do Povo (PLA) incluem pesquisas com importantes especialistas em supercomputação militar da China. A extensão deste relacionamento nunca tinha sido divulgada.
O BGI vendeu milhões de kits de teste de Covid-19 fora da China desde o início da pandemia de coronavírus, incluindo para Europa, Austrália e Estados Unidos.
As ações da BGI Genomics Co, subsidiária da empresa listada na bolsa de valores de Shenzhen, dobraram de preço nos últimos 12 meses, dando a ela um valor de mercado de cerca de 9 bilhões de dólares.
Mas autoridades de segurança de alto escalão dos EUA alertaram os laboratórios norte-americanos contra o uso de testes chineses por causa da preocupação de que China esteja tentando reunir dados genéticos estrangeiros para suas próprias pesquisas. O BGI negou isso.
Os documentos analisados pela Reuters não contradizem nem sustentam essa suspeita norte-americana. Ainda assim, o material mostra que as ligações entre os militares chineses e o BGI são mais profundas do que se pensava anteriormente, ilustrando como a China tem agido para integrar empresas privadas de tecnologia em pesquisas militares sob o presidente Xi Jinping.
O governo dos EUA foi recentemente advertido por um painel de especialistas que países adversários e atores não estatais poderiam descobrir e mirar as deficiências genéticas na população dos EUA e um concorrente como a China poderia usar a genética para aumentar a força de seu próprio pessoal militar.
O BGI tem trabalhado em projetos do Exército de Libertação do Povo visando tornar os integrantes da maioria étnica chinesa Han menos suscetíveis a problemas de altitude, em pesquisa genética que beneficiaria soldados em algumas áreas de fronteira, de acordo com análise da Reuters.