Emissões persistentes desafiam meta climática global
Embora o aumento das emissões globais de carbono esteja desacelerando, a persistente alta é um alerta de que os governos não estão fazendo o suficiente para evitar as piores consequências das mudanças climáticas, segundo um novo relatório.
As emissões de dióxido de carbono resultantes da queima de combustíveis fósseis devem aumentar 0,6% este ano em comparação com a alta de 2,1% em 2018, segundo relatório do Global Carbon Project (GCP), com sede na Austrália. O menor volume de emissões nos EUA e na Europa foi compensado por aumentos em economias de crescimento acelerado, como China e Índia, afirmou o relatório.
“As políticas atuais de clima e energia não são suficientes para reverter as tendências das emissões globais”, disseram os autores do relatório em comunicado. “O apoio contínuo a tecnologias de baixo carbono precisa ser combinado com políticas voltadas à eliminação do uso de combustíveis fósseis.”
As estimativas cada vez mais sombrias sobre o ritmo das mudanças climáticas aumenta a pressão por soluções mais extremas do que as ações já prometidas pelos governos.
Ainda assim, a desaceleração no aumento das emissões globais ainda é significativa, segundo os autores. Dada a margem de erro na projeção, um declínio real não pode ser descartado.
“Nunca é uma boa notícia quando as emissões aumentam, mas não é tão ruim quanto eu temia”, disse Corinne Le Quere, professora de ciências climáticas da Universidade de East Anglia e integrante do GCP.
O uso de carvão respondeu por 42% das emissões globais de combustíveis fósseis, mas sua importância na geração de energia está diminuindo. Nos EUA, a elevada oferta de gás natural barato ajuda a acelerar a transição para diminuir o uso de combustíveis fósseis.
Ao mesmo tempo, o aumento do uso de gás natural foi o fator de mais peso para o crescimento das emissões em 2019, segundo o relatório, levantando questionamentos sobre a teoria do setor de que o combustível serve como uma ponte entre o poluente carvão e as energias renováveis mais limpas.
O crescimento estimado das emissões da China é de 2,6% este ano, semelhante ao ritmo de 2017 e 2018. O país se aproxima das emissões europeias, de cerca de 6,7 toneladas por pessoa por ano. Espera-se que o aumento das emissões na Índia diminua para cerca de 1,8% em relação aos 8% do ano passado, devido à desaceleração econômica e a uma estação de monções particularmente chuvosa, o que elevou a geração de energia hidrelétrica em relação à geração de energia a carvão.
“O fracasso em mitigar as emissões globais, apesar do progresso positivo em muitos aspectos da política climática, sugere que o pacote completo de opções de políticas não está sendo implementado efetivamente”, afirmou o relatório.