Emissão de renda fixa terá recorde em 2022 mesmo com alta do juro, diz BTG Pactual
As emissões corporativas de dívida no Brasil em 2022 rumam para um recorde, mesmo com o ciclo de alta de juros no país e nos Estados Unidos, com grandes empresas se valendo da ampla demanda de investidores e do momento adverso para captações no exterior ou com ações, disse um executivo do BTG Pactual.
“Tem muita emissão no forno para acontecer no terceiro trimestre, vai ser muito forte”, disse à Reuters o chefe de mercado de capitais de renda fixa e project finance do BTG Pactual, Daniel Vaz, citando instrumentos como debêntures, CRAs (recebíveis do agronegócio), LCIs e LCAs.
Segundo o profissional, esse movimento é liderado por companhias que precisam rolar dívidas, mas também por outras que estão dentro de ciclos de investimentos de mais longo prazo, como nos casos das empresas ligadas a concessões de infraestrutura (saneamento, portos, rodovias e energia).
Há também companhias se antecipando dado o cenário em geral mais volátil das eleições presidenciais, como a que ocorre neste ano em outubro. Por fim, com o mercado de renda variável quase fechado — em 2022 houve apenas uma oferta inicial — e limitado para captações no exterior, o caminho mais viável tem sido a renda fixa, produto que tem tido forte demanda de investidores.
“E mesmo com o mercado de ações praticamente fechado para captações, muitas empresas domésticas seguem com ratings muito bons para dívida”, pontuou Vaz.
Segundo dados da Anbima compilados pelo BTG, a renda fixa respondeu por 91,5% dos 44,6 bilhões de reais de captações de feitas por empresas brasileiras no mercado de capitais em maio. A maioria dos recursos foi para capital de giro (31,3%), refinanciar passivos (23,8%) e investimento em infraestrutura (17%). Em 2021, as emissões totais de renda fixa no país somaram 178,8 bilhões de reais, segundo os dados.
Esse movimento, segundo Vaz, reflete também a forte migração de recursos de investidores, de ações para renda fixa, o que tem reduzido os spreads para emissores. “O juro aumentou, mas há demanda do mercado pelos papéis”, disse.
Na quarta-feira (15), o Federal Reserve elevou a taxa básica nos EUA em 0,75 ponto percentual, para a faixa entre 1,5% e 1,75% ao ano. Por aqui, o Banco Central subiu a Selic em 0,5 ponto, para 13,25% ao ano.
O executivo disse ainda que, dado o cenário de incertezas, mesmo empresas que poderiam liquidar dívidas têm preferido uma rolagem para preservar caixa. Há ainda os casos de grandes exportadoras que têm emitido dívida doméstica, fazendo swap para dólares e recomprando bônus no exterior, que estão com valores de face bastante descontados.
“E isso tem sido uma oportunidade para o BTG, que opera em diferentes moedas”, afirmou Vaz.
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