Emergentes estão mais próximos de políticas de controle de capital, diz Citi
O Citigroup alerta que o maior número países em confinamento para combater a pandemia de coronavírus pode levar mercados emergentes a adotar controles de capital.
“Há um argumento razoável de que poderíamos estar próximos de um mundo no qual formuladores de políticas começam a restringir o movimento de capitais da mesma maneira que têm restringido o deslocamento de pessoas e bens”, disse David Lubin, responsável de economia mercados emergentes em Londres, em relatório divulgado na quarta-feira.
“Em outras palavras, provavelmente estamos mais próximos de experimentos com controles de capital.”
As saídas de capital de fundos de renda variável e de renda fixa de países em desenvolvimento atingiram perto de 4% do valor dos ativos líquidos segundo alguns cálculos, um nível superior ao visto durante o pânico dos investidores em maio de 2013 – quando o Fed anunciou a redução das compras de títulos do Tesouro – e o colapso do Lehman Brothers em setembro de 2008, escreveu Lubin.
Apenas neste mês, as moedas do Brasil, Indonésia, Colômbia, Rússia e México caíram mais de 10% em relação ao dólar.
A Argentina implementou controles de capital no ano passado para segurar a queda das reservas e do peso, embora dificilmente seja a única entre mercados emergentes que os utiliza para evitar a fuga de recursos em momentos de estresse.
A Malásia adotou restrições de capital durante a crise de 1997, que foram criticadas inicialmente, mas depois reconhecidas pelo Fundo Monetário Internacional como à frente da curva.
Embora a maioria das grandes economias emergentes pareça estar bem posicionada para enfrentar uma crise normal, com déficits em conta corrente sob controle e reservas cambiais abundantes, não há nada de normal nesta crise de coronavírus e as ferramentas existentes podem não ser suficientes, disse o Citigroup no relatório.
A teoria sugere que a proteção das economias domésticas exige juros mais baixos, mas são necessárias taxas mais altas para evitar grandes saídas de capital, especialmente se os custos da dívida subirem, o que cria um dilema para os governos.
“A única maneira de resolver essa contradição, em princípio, é fechar a conta de capital”, escreveu Lubin. “’Quanto mais tempo o vírus permanecer conosco, mais a mobilidade de capital entre mercados emergentes será ameaçada.”