Embraer (EMBR3) já precifica muito risco negativo, avalia UBS BB; por que ação merece uma chance?
O UBS BB iniciou a cobertura de Embraer com recomendação de compra e preço-alvo em 12 meses para os ADRs (American Depositary Receipts) da companhia de US$ 14, avaliando que os riscos de downside (potencial de queda) já estão bem precificados.
Dois motivos suportam a visão positiva do banco de investimento para a fabricante de aeronaves:
- boom do segmento de aviação executiva; e
- estimativas comprimidas para os segmentos comercial e de defesa, com o mercado precificando um Ebitda abaixo do esperado pela instituição e pelo consenso (a US$ 415 milhões, ou -20% e -27% comparado com as expectativas do UBS BB e do consenso, respectivamente).
“Permanecemos ligeiramente abaixo do consenso, enquanto o mercado tem projeção de entregas de aeronaves acima das nossas projeções. No entanto, ainda estamos acima dos níveis atualmente precificados”, afirmam Alberto Valerio, Rafael Simonetti e Andressa Varotto, do time de análise do UBS BB, em relatório publicado no início da semana.
“Adicionalmente, vemos um potencial de alta no médio prazo com a possibilidade de retomada do E175-E2 e do anúncio recente da próxima geração de turbopropulsores”, acrescentam os analistas.
Pronta para a competição
Na avaliação do UBS BB, uma das grandes incertezas na tese da Embraer é a situação do segmento de aviação comercial da empresa, com a joint venture formada entre Bombardier e Airbus.
No entanto, o potencial dos segmentos de aviação executiva e de defesa podem mitigar os riscos do segmento de aviação comercial, destaca a instituição.
O cenário de curto prazo positivo para a aviação executiva e a proximidade de um upcycle (baixo inventário e frota envelhecida) podem dar suporte à Embraer, avalia.
“Também vemos potencial de upside em Defesa e Segurança com o ramp-up dos pedidos C-390 e a continuidade do programa A-29 Super Tucano, com um pequeno downside, considerando as atuais estimativas do mercado”, completam os analistas.
Mesmo dentro do segmento de aviação comercial, o UBS BB avalia que um portfólio bem balanceado acaba beneficiando o backlog (carteira de pedidos firmes) da Embraer.
E o Eve?
O UBS BB tem uma visão construtiva para o segmento de eVTOL como uma solução para a mobilidade urbana no futuro. Porém, no curto prazo, não acha que a Eve (EVEX) possa adicionar valor aos acionistas. A instituição cita o caminho tortuoso para chegar à aprovação, licença e aceitação social.
“Mais do que isso, a certificação, o desenvolvimento e a manufatura podem levar até cinco anos. Pode não estar pronto até 2026-27, enquanto a competição com OEMs de maior escala, como Airbus, Boeing e Hyundai adiciona risco substancial para as operações futuras da Eve”, comentam Valerio, Simonetti e Varotto.