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Embraer e Boeing: Credit Suisse vê anúncio “prematuro” e corta preço-alvo

05 jul 2018, 21:06 - atualizado em 05 jul 2018, 21:08

O Credit Suisse avalia que o acordo entre a Embraer (EMBR3) e a Boeing, anunciado nesta quinta-feira (5), traz uma série de vantagens do acordo para ambas as partes. A brasileira poderá alavancar a influência da Boeing para negociar com os fornecedores em todo o seu portfólio de produtos, e os jatos E2 se beneficiarão da extensa base de clientes e da experiente equipe de vendas da Boeing. Enquanto isso, a Boeing recebe acesso ao talento de engenharia e design e continua com sua iniciativa de insourcing com a instalação de trem de pouso da brasileira.

A transação avalia 100% das operações de aviação comercial da Embraer em US$ 4,75 bilhões de dólares, o leva ao pagamento pela Boeing do valor de US$ 3,8 bilhões pelos 80% na joint venture. A expectativa é que a parceria gere sinergia anual de custos estimada de cerca de US$ 150 milhões – antes de impostos – até o terceiro ano. As duas empresas não poderão vender as suas respectivas ações da nova sociedade pelo prazo de 10 anos.

Entretanto, a equipe de analistas do banco entende que o anúncio parece prematuro, com vários detalhes cruciais omitidos pela administração. Entre eles, o CS destaca os resultados esperados após impostos, o montante da dívida a ser transferida para a Joint Venture, o tamanho dos futuros compromissos de capital que podem ser necessários para financiá-la, como a nova empresa será compensada por projetos de Pesquisa & Desenvolvimento que não sejam da JV, como o potencial NMA (New Midsize Airplane – Avião de médio tamanho) da Boeing, como as tensões comerciais entre a China e os EUA afetam as chances de aprovação da regulamentação e detalhes sobre a estrutura da parceria para o avião KC-390 JV.

“Achamos que essa relativa incerteza explica, pelo menos de alguma forma, a fraqueza das ações da Embraer. A falta de visibilidade nos impede de chegar a uma conclusão precisa sobre o valor pós-negócio da Embraer, dada a incerteza em torno de impostos e alavancagem. Dito isso, achamos que o recuo desta manhã pode ter sido excessivamente dramático, e isso poderia ser um preço de entrada atraente para as ações, especialmente considerando que a própria JV está avaliada em R$ 26 por ação”, aponta o relatório. Ainda assim, o preço-alvo foi revisado de R$ 30 para R$ 29. A recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) foi mantida. As ações terminaram a quinta-feira negociadas a R$ 23,10 após desvalorização de 14,3%.