Embraer busca parceiros, mas não a repetição do acordo com a Boeing
A Embraer (EMBR3), terceira maior fabricante de aviões do mundo, está aberta a novos parceiros de negócios após a Boeing (BA) ter desistido de um acordo de 4,2 bilhões de dólares, afirmou o presidente da empresa brasileira à Reuters.
Mas Francisco Gomes Neto disse que qualquer novo acordo será menor em escopo do que aquele que vinha sendo negociado com a Boeing e que foi encerrado em abril.
“Não estamos procurando uma parceria da dimensão que a gente tinha com a Boeing”, afirmou ele. “Nós achamos que seria muito mais rápido e eficiente parcerias por projeto”.
Para isso, Gomes Neto desfará o dispendioso processo de separação que preparou a lucrativa divisão de jatos comerciais da Embraer para a aquisição da Boeing e trará todos os seus funcionários de volta ao mesmo teto corporativo.
As duas empresas estão agora envolvidas em processos de arbitragem uma contra a outra, ambas questionando se as condições necessárias para o negócio foram atendidas.
Quando a Boeing cancelou o acordo planejado em abril, quando o coronavírus devastou o setor de viagens, a Embraer ficou sem um plano B.
Gomes Neto reconheceu que a Embraer está apenas elaborando um plano de negócios de cinco anos para a divisão de jatos comerciais que a Boeing teria administrado. A Embraer elaborou planos semelhantes no ano passado para suas unidades de defesa e jatos executivos, que seguiriam independentes da Boeing.
A unidade comercial produz jatos de médio porte de até 150 passageiros, que competem diretamente com o Airbus A220. Esse avião foi desenvolvido inicialmente por uma empresa menor, a Bombardier do Canadá, cujo projeto de jato foi comprado pela fabricante europeia.
Gomes Neto, que assumiu o cargo após a assinatura do contrato da Boeing, agora está refazendo a Embraer como uma empresa focada em encontrar parcerias menores e mais direcionadas.
Uma nova aeronave turboélice que a Embraer deseja desenvolver, mas não tem mais dinheiro para financiar, pode potencialmente gerar um acordo, disse ele.
“Nesses primeiros anos agora saindo dessa crise, a gente vai ter que priorizar muitos investimentos”, disse Gomes Neto. “A gente reduziu todos os investimentos, alguns muito próximos de zero”.
No domingo, o Money Times publicou que China, Índia e Rússia estavam avaliando possíveis parcerias com a Embraer.
“Não temos negociações em andamento no momento, mas sem dúvida são parceiros em potencial”, disse Gomes Neto sobre esses países. “Estamos avaliando esses mercados neste momento … mas ainda está em um estágio embrionário”.
Outra parceria em potencial envolve o avião de carga militar KC-390, que a Boeing já ajudaria no mercado. Embora Gomes Neto tenha dito que a China poderia ser parceira em jatos comerciais, o cálculo é mais complexo para um avião militar, porque ia ser vendido para aliados dos EUA em parceria com a Boeing.
“A arena militar é um pouco mais delicada … então, por enquanto, vamos nos concentrar em nosso plano de negócios original para o KC-390”, disse ele. “Portanto, uma parceria seria apenas um segundo estágio.”