Embaixador do Brasil nos EUA se diz honrado em comparecer a posse de Biden
Escolhido para o cargo pelo seu alinhamento com a ideologia bolsonarista e simpatia pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Foster, disse em sua conta no Twitter nesta quarta-feira estar honrado em comparecer à posse do presidente dos EUA, Joe Biden, e declarou-se “muito animado” para trabalhar com a nova gestão.
Foster publicou uma foto sua em frente ao Capitólio, no local reservado a convidados, inclusive representantes das embaixadas. Na publicação, marcou Biden, sua vice, Kamala Harris, e o ex-Secretário de Estado John Kerry, figura central na campanha de Biden.
Desde a confirmação da eleição de Biden, o embaixador passou a tentar uma aproximação com a equipe do democrata, através de parlamentares com quem Foster já tinha contatos.
Ao mesmo tempo, no entanto, o presidente Jair Bolsonaro mantinha os questionamentos a eleição de Biden e repetia o discurso trumpista que alega falsamente a existência de fraude nas eleições norte-americanas.
Mesmo depois de ter cumprimentado Biden pela eleição um dos últimos chefes de Estado a fazê-lo, 38 dias depois do pleito Bolsonaro continuou ecoando Trump e há pouco mais de duas semanas repetiu a apoiadores que acreditava em fraude na eleição nos EUA.
Mas, para além das questões políticas, que pouca repercussão tem entre os norte-americanos, outras posições brasileiras foram alvo direto de críticas de Biden desde a campanha. O democrata já ameaçou impor sanções ao Brasil pelo desmatamento na Amazônia e deve ter um postura ambiental muito mais dura do que seu antecessor.
O receio do impacto que essa postura possa ter nos negócios brasileiros levou parte do governo a tentar abrir pontes com os democratas. Chegou a circular a possibilidade de Foster, que foi confirmado apenas no ano passado como embaixador, ser substituído, mas a ideia não agrada Bolsonaro.
Até o momento, o Itamaraty conta com a ideia de que será possível contar com a profissionalismo da diplomacia norte-americana e também dos diplomatas brasileiros, em sua maioria, para abrir canais, mesmo que sem a proximidade que havia com Trump e que, na verdade, rendeu poucos benefícios reais ao Brasil.