Política

Em tom eleitoral, Bolsonaro começa tour pelo Nordeste para tentar melhorar avaliação

08 fev 2022, 14:33 - atualizado em 08 fev 2022, 14:33
Jair Bolsonaro
O presidente voltou a dizer que foi o governo federal que comprou todas as vacinas existentes no país para serem usadas contra a doença (Imagem: Flickr/Isac Nóbrega/PR)

Em dois dias de visitas e eventos a cinco cidades diferentes no Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro iniciou nesta terça-feira uma ofensiva para tentar recuperar alguma popularidade na região, onde tem sua maior rejeição e menor intenção de votos para as eleições de 2022.

Em dois dias de viagem, Bolsonaro passará por Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, com quatro eventos relacionados a inauguração de partes do sistema de transposição do rio São Francisco. Além disso, vai pernoitar em Caicó (RN), onde fará uma motociata.

Em tom de pré-campanha, em seus discursos nesse primeiro dia de viagem, Bolsonaro atacou adversários, acusou os governos petistas de desvios de recursos e testou frases de efeito.

“É um governo que sempre esteve ao lado de vocês”, disse, durante discurso em Jati (CE), segunda parada da viagem. “Esse é um governo que faz por vocês.”

Em outro ponto, afirmou que tem sim sensibilidade social, mas que suas realizações nem sempre tem a devida divulgação.

“Aqui estamos mostrando as realizações do governo, e outras que não tem a devida divulgação”, afirmou.

O presidente voltou a dizer que foi o governo federal que comprou todas as vacinas existentes no país para serem usadas contra a doença, mas deixou claro que a decisão de se vacinar ou não é individual.

Em Salgueiro (PE), onde começou o tour nordestino, Bolsonaro visitou o núcleo de controle operacional da transposição e participou de um evento em que reuniu ministros para tentar angariar para si os benefícios da obra.

“Um dia de funcionamento aqui equivale a 30 dias de carro-pipa. Uma obra que vai levar aquilo, está na Bíblia, água é vida”, disse Bolsonaro em seu discurso.

De acordo com dados do projeto Comprova, agência de verificação de dados, Bolsonaro assumiu quando 90% das obras da transposição já estavam prontas (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Em um vídeo apresentado no início da cerimônia, a transposição é apresentada como uma obra que teria ficado parada devido a desvios até 2019, quando teria sido retomada e agora terminada por Bolsonaro.

Na verdade, a obra, iniciada em 2007, durante o segundo mandato de Lula, nunca parou e foi mantida durante os mandatos de Dilma Rousseff e de Michel Temer que chegou a inaugurar, em 2017, o início do funcionamento do eixo leste.

De acordo com dados do projeto Comprova, agência de verificação de dados, Bolsonaro assumiu quando 90% das obras da transposição já estavam prontas.

Ainda assim, auxiliado pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho que dever ser candidato ao Senado ou ao governo do Rio Grande do Norte Bolsonaro fez uma programação em torno da transposição.

Na agenda desta terça, além de Pernambuco, estavam Jati (CE), para um “ato de liberação das águas do rio São Francisco para o Ceará”, e São José de Piranhas (PB), para uma visita à barragem do Eixo Norte da transposição.

Na quarta, no Rio Grande do Norte depois de fazer uma motociata em Caicó Bolsonaro fará uma visita à barragem de Oiticica, na cidade de Jucurutu.

No mesmo Estado, fará uma cerimônia para a chegada das águas do São Francisco em Jardim de Piranhas. Na mesma cidade, pela manhã, participará de uma “jeguiata”.

Em média 20 pontos atrás do ex-presidente Lula nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro antecipou as ações eleitorais e pretende participar de todas as inaugurações possíveis até junho, além de investir em regiões onde pesquisas internas feitas pelo seu partido, o PL, tentam incentivar o crescimento.

Na região, a pesquisa mostra uma enorme distância na intenção de votos entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva 61% a 17% (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

De acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, a pesquisa encomendada pelo PL repetem os mesmos números das pesquisas regulares, mas discussões qualitativas teriam apontado uma possibilidade de diminuição da rejeição se houver uma melhoria da economia.

No Nordeste, o partido aponta para um investimento no aumento do valor do Bolsa Família, que teve o nome mudado para Auxílio Brasil.

A última pesquisa Datafolha, de dezembro, apontou que, à época, 67% dos eleitores do Nordeste não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum, enquanto a média nacional era de 60%.

Na região, a pesquisa mostra uma enorme distância na intenção de votos entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva 61% a 17%.