Em se plantando tudo dá? Com jeito dá. O que vai por fora do ‘agronegocião’
Moldada pela ciência e tecnologia, a natureza tem levado experiências também para pequenos empreendimentos rurais, muitas vezes para atividades ditas improváveis, longe dos setores bilionários que muita gente do ‘agronegocião‘ talvez nunca tenha ouvido falar em produção nacional.
E muita coisa não é de hoje e muito menos desconhecidas para a agricultura familiar.
Yes, São Paulo tem cacau
Ao tempero baiano do chocolate, depois misturado com o paraense e rondoniano, em alguns anos vai ser misturado o paulista. No Noroeste do estado de São Paulo já tem 200 hectares de cacau.
O que quer dizer que já tem doce por aí com a matéria-prima migrada do Nordeste e Norte.
Adaptada por técnicos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), depois de muito esforço, a cultura saltou dos 10 hectares com produtores pioneiros.
E tem gente querendo mais.
Em recente Dia de Campo, mais de 120 agricultores foram no órgão extensionista da Secretaria de Agricultura conhecer as técnicas de plantio e os canteiros com mudas de vários estágios.
Como as árvores do cacaueiro gostam de sol e sobra na dosagem certa, a cultura está sendo incentivada com o plantio em consórcio com as seringueiras.
Por sinal, a região é a maior produtora de látex natural depois da Amazônia.
Azeitona é coisa séria para o Banrisul
Para provar que a produção de azeitona e azeites é coisa que virou séria no Rio Grande do Sul, já tem até linha de crédito para estocagem dos produtos.
O Banrisul, em negociação com a Cotrijal, cooperativa de Não-Me-Toque, já está oferecendo recursos livres para os produtores gaúchos, donos de 75% da produção nacional.
A investida do banco no setor deverá ajudar a impulsionar a produção, hoje com 35% com pés em frutificação, para 1 milhão de hectares, área que foi detectada de solos com potencial para oliveiras, segundo a Ibraoliva, entidade setorial.
A outra região produtora de oliva e azeites é a região de Maria da Fé, nos contrafortes serranos do sudeste de Minas Gerais, por sinal com exploração comercial até mais antiga.
Exemplos do agronegócio mediterrâneo no Brasil.
Lavanda da Provence brasileira
Por falar em produção mediterrânea, ou quase isso, no Vale dos Sinos, também no Rio Grande do Sul, a lavanda virou negócio há alguns anos.
Com o ar salpicado pelo perfume e os campos cobertos com as plantas de flores roxas, duas vezes por ano, não, não é na Provence francesa.
É no Morro Reuter. O maior produtor nacional desse insumo disputado pelas indústrias de higiene e beleza.
Dezenas de famílias se dedicam a essa produção exótica, também sob esforço científico de adaptação – mais ainda para suportar a umidade -, da Emater.
Em torno de 25 hectares, mais de 120 toneladas a cada ciclo (são dois por ano).
E com garantia de comercialização para a Naturoils, que se instalou no bucólico município para extrair o óleo essencial das plantas.
Depois, entra como insumos de sabonetes e águas de cheiro.
De quebra, famílias com a Pillati e a Closs, entre as maiores incentivadoras da produção, faturam um pouco mais com o turismo rural disposto a pagar pela paisagem e odores.