Corrupção

Em primeiro depoimento sobre inquérito da rachadinha, Queiroz se recusa a falar

17 jul 2020, 12:55 - atualizado em 17 jul 2020, 12:55
Fabrício Queiroz
O ex-assessor e a mulher se encontram em prisão domiciliar e ambos usam tornozeleira eletrônica (Imagem: Reprodução/SBT)

Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), prestou seu primeiro depoimento no inquérito que apura suposto desvio de salários de servidores do gabinete do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro na época em que foi deputado estadual, mas decidiu não responder às perguntas dos promotores que cuidam do caso.

O depoimento aos integrantes do Ministério Público estadual do Rio de Janeiro foi feito na quarta-feira por videoconferência, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.

O MP fluminense tentava ouvir Queiroz há cerca de um ano e meio, mas ele alegou problemas de saúde para não comparecer aos depoimentos.

O ex-assessor de Flávio, que também é policial militar aposentado, chegou a encaminhar uma carta ao MP negando que coordenasse o suposto esquema de corrupção, conhecido como “rachadinha”, de desvio e apropriação de parte dos salários dos funcionários do gabinete do filho do presidente na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Na semana passada, o senador foi ouvido por videoconferência no mesmo inquérito.

O MP do Rio já denunciou o deputado estadual Márcio Pacheco (PSC) por crimes ligados à rachadinha. Mais de 20 parlamentares e ex-parlamentares da Alerj são alvos da investigação.

O ex-assessor de Flávio chegou a encaminhar uma carta ao MP negando que coordenasse o suposto esquema, conhecido como “rachadinha” (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

Recentemente, a Justiça do Rio autorizou a troca da instância responsável pela apuração do caso no gabinete de Flávio Bolsonaro, passando-a para o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado. O MP fluminense tenta reverter a mudança junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Queiroz foi preso no mês passado na casa do advogado Frederick Wassef –que defendia Flávio e já atuou para o presidente da República– em Atibaia, no interior de São Paulo. Ele ficou preso por três semanas no complexo de Bangu até que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) lhe concedesse prisão domiciliar.

A esposa de Queiroz, Marcia de Oliveira Aguiar, que estava foragida desde a prisão do marido, também recebeu o benefício.

O ex-assessor e a mulher se encontram em prisão domiciliar e ambos usam tornozeleira eletrônica.

Procurado, o Ministério Público estadual do Rio de Janeiro informou que não irá comentar, pois a investigação corre sob sigilo.

Queiroz já prestou depoimento, enquanto estava preso, em outra investigação que envolve Flávio Bolsonaro, a que apura se houve vazamento para o filho do presidente da operação Furna da Onça.

Nessa operação surgiram informações do antigo Conselho de Controle de Atividade Financeira (Coaf) sobre movimentações bancárias atípicas em mais de 20 gabinetes da Alerj, entre eles o do filho do presidente Jair Bolsonaro.