Sucroenergia

Em novo banho de água fria em Tereza Cristina, Bolsonaro distorce a Cide ao negar aumento

08 maio 2020, 14:43 - atualizado em 08 maio 2020, 14:47
Combustíveis Biocombustível Etanol
Etanol não vai mais se beneficiar da Cide sobre a gasolina para ter mais competitividade (Imagem: Reuters/Marcelo Teixeira)

O banho de água fria que o presidente Jair Bolsonaro deu na ministra da Agricultura Tereza Cristina, acentuando o desgaste que vem sofrendo no governo, não foi digerido pelos produtores de cana, mesmo porque ele não deu sinais de socorrer o setor. Ao recusar o pedido de aumento da Cide sobre a gasolina, inclusive contrariando também o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, acaba distorcendo a serventia da contribuição.

Em afirmação do presidente da Federação Nacional dos Plantadores de Cana (Feplana), Alexandre Lima, a Cide “existe justamente para equilibrar a variação mundial do preço da gasolina no mercado interno e equaliza o valor do combustível fóssil em proteção da economia do país. O tributo serve, por exemplo, para evitar a concorrência desleal da gasolina imposta à industrial nacional de etanol”.

Sem esse apoio e outros, o governo federal vai dividir a responsabilidade com a pandemia pela “destruição de parte da indústria sucroenergética nacional e seus milhares de empregos”.

Diante da crise do novo coronavírus e o reflexo de redução de 50% no valor do etanol – mais um tombo nas vendas de 49% em abril, segundo a ANP -, o setor esperaria que a elevação da taxa pudesse roubar um pouco da competitividade da gasolina, cujos preços estão alinhados à forte queda do petróleo de mais de 35%.

Outro ponto, acrescenta o produtor e também presidente da Câmara Setorial da Cana, no Mapa, é que o aumento da taxa não representaria preços mais elevados, mas seguraria quedas maiores.

Lima reproduz fala de Tereza Cristina nas últimas reuniões com a presença a Feplana e outras entidades, inclusive de usinas: “”Enfrentamos a maior de todas as crises do setor sucroenergético. Vivemos a tempestade perfeita”.

Agora, fica a esperança de que Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, o ministro da Economia, atendam outros pontos listados entre as opções de ajuda. Diminuição do PIS/Cofins do etanol, a modelagem de um programa de “warrantagem” (o produto como garantia) e até forçar o estabelecimento de um preço mínimo para a cana.