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Em meio à tensão EUA-Irã, empresas correm para emitir títulos

10 jan 2020, 9:28 - atualizado em 10 jan 2020, 9:28
Mercados Ibovespa
A demanda é tão forte que mesmo empresas com classificações de risco mais baixas foram capazes de explorar o mercado (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Empresas no mundo todo, preocupadas que a escalada das tensões entre Estados Unidos e Irã desestabilize os mercados de títulos, correm para emprestar a juros baixos enquanto ainda podem.

Companhias com grau de investimento haviam emitido mais de US$ 61 bilhões em títulos nos EUA até quinta-feira, o dobro do mesmo período de 2019.

Na Europa, as ofertas de títulos com grau de investimento e de alto risco, que incluem dívidas de empresas e países, superaram o recorde semanal de 79 bilhões de euros (US$ 88 bilhões) atingido há um ano. Emissores de toda a região Ásia-Pacífico venderam mais de US$ 28 bilhões em títulos em dólares nesta semana, um início recorde.

Segundo as empresas, faz sentido vender títulos agora, quando as condições ainda são boas e a demanda é forte. Se a situação do Irã piorar e humor mudar, os emissores “podem acabar pagando mais e a demanda por ativos de maior risco diminuirá”, disse Alex Eventon, gestor de fundos da Resco Asset Management.

“Não importa o que venha a seguir, as condições provavelmente serão menos boas do que agora”, disse Eventon.

O alto volume de emissões de títulos com grau de investimento dos EUA nesta semana pode se traduzir em atividade mais lenta no fim de janeiro, que normalmente é um dos meses mais movimentados do ano para financiamento.

No geral, estrategistas de Wall Street projetam que grandes empresas venderão cerca de 5% menos títulos denominados em dólares em 2020 do que no ano passado segundo uma base bruta, motivadas pela redução dos níveis globais de dívida e vantagem de rendimentos comparativamente mais baixos na Europa.

E, no curto prazo, muitas empresas devem publicar balanços trimestrais, o que limita a quantidade de dívida que podem vender no momento de qualquer maneira.

Forte demanda

A demanda é tão forte que, mesmo empresas com classificações de risco mais baixas, que talvez tenham tido dificuldade em vender títulos durante boa parte do ano passado, foram capazes de explorar o mercado. A Transocean, perfuradora de petróleo offshore, vendeu US$ 750 milhões em títulos de alto risco, os chamados junk bonds, na quarta-feira.

Os títulos são classificados como Caa1 pela Moody’s Investors Service, colocando-os na classificação mais baixa de dívida privada. A S&P Global Ratings classifica os títulos com um grau acima: B-.

A razão para os altos níveis de emissão global é clara, dizem gestores.

“Enquanto o mercado estiver aberto e investidores estiverem prontos para comprar, sempre haverá potencial para mais incertezas se você decidir adiar”, disse Bob Summers, gestor de portfólio de grau de investimento da Neuberger Berman, em Chicago. “Se uma empresa tem toda a documentação necessária e está pronta, não há realmente motivo para esperar.”

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