Em queda na bolsa, Natura (NTCO3) propõe reestruturação societária; veja o que muda

A Natura (NTCO3), que enfrenta turbulência na bolsa, com tombo histórico de quase 30% após resultados frustrantes, vai propor uma reorganização societária que inclui incorporar a companhia em sua subsidiária integral, a Natural Cosméticos.
Segundo a Natura, a nova estrutura dará melhor governança e resultará em uma estrutura mais eficiente que deverá destravar valor para seus acionistas, especialmente ao viabilizar uma futura distribuição dos lucros da Natura Cosméticos S.A.
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A Natura & CO foi criada oficialmente em 2019. Ela surgiu como um grupo holding, após a Natura concluir a aquisição da Avon Products, consolidando-se como o quarto maior grupo de beleza do mundo naquele momento.
Porém, a estratégia se mostrou frustrada em meio ao aumento das dívidas e a complexa integração geográfica do grupo com operações distintas (Natura, Avon, The Body Shop, Aesop).
“A incorporação proposta não interfere nas estratégias das unidades de negócio. No caso da América Latina, mantém-se o plano de integração das marcas (Onda 2), cuja conclusão é prevista para 2025”.
Além disso, a empresa disse que continua explorando alternativas estratégicas para a Avon Internacional, que incluem uma potencial venda, assim como outras opções estratégicas.
O plano de turnaround, que está sendo liderado por Kristof Neirynck, CEO da Avon, continua sendo implementado
Caso aprovada, a incorporação estará sujeita à aprovação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para a conversão da Natura Cosméticos S.A. para emissora categoria “A”, bem como sua listagem no Novo Mercado da B3.
Natura: Quem sai e quem entra
Fábio Barbosa, atual CEO e membro do conselho de administração, após liderar a transição iniciada em 2022, deixará a função executiva e será nomeado presidente do conselho de administração da Natura Cosméticos.
João Paulo Ferreira continuará como CEO da Natura Cosméticos e assumirá assento no novo conselho de administração.
Silvia Vilas Boas permanecerá como CFO da Natura Cosméticos e, a partir de 25 de abril, assumirá também a função de Diretora de Relações com Investidores.
Guilherme Castellan, atual CFO e DRI, decidiu deixar a Natura para assumir novos desafios profissionais. Sua transição vem sendo planejada há meses.
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Após a incorporação, o grupo será liderado pelo conselho de administração da Natura Cosméticos S.A., que continua contando com a presença dos fundadores (Luiz Seabra, Guilherme Leal e Pedro Passos) Fábio Barbosa, Bruno Rocha, Duda Kertesz e Gilberto Mifano.
Além deles, o conselho também contará com um novo conselheiro independente, Alessandro Carlucci, que atuou como CEO da Natura Cosméticos. no passado e o João Paulo Ferrerira.
Carla Schmitzberger, após um ciclo de contribuições para a Natura, iniciado em 2016, deixará o conselho.
O que aconteceu com Natura?
A derrocada aconteceu em reação ao balanço do quarto trimestre de 2024 (4T24).
A varejista reportou prejuízo líquido de R$ 438,5 milhões entre setembro e dezembro, uma redução de 83,5% na base anual. No mesmo período de 2023, a empresa tinha registrado um prejuízo líquido de R$ 2,7 bilhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciação) ficou negativo em R$ 139,6 milhões entre outubro e dezembro, ante Ebitda positivo de R$ 466 milhões no mesmo período de 2023.
Em geral, os analistas avaliam que o resultado da Natura no quarto trimestre foi negativo. O BTG Pactual, por exemplo, classificou os números como “poluídos” e abaixo das expectativas.
Para os analistas do Bradesco BBI, a queda das ações já era esperada, visto que a margem Ebitda, por exemplo, veio abaixo das projeções do mercado.
O banco afirma que a margem bruta mostrou “uma desaceleração importante e inesperada de 63,2%”, impactada por campanhas promocionais e pelo mix de produtos.
Na avaliação do banco, esses números ofuscam outros pontos positivos, como as vendas e a dívida líquida melhores e a receita líquida em linha com o esperado.
Com Liliane de Lima