Política

Em meio a denúncias, Mourão rejeita abalo de discurso anticorrupção de Bolsonaro

30 jun 2021, 12:27 - atualizado em 30 jun 2021, 12:27
Mourão
O vice-presidente minimizou o chamado “superpedido” de impeachment contra Bolsonaro que será apresentado nesta tarde pela oposição (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

O vice-presidente Hamilton Mourão rejeitou na manhã desta quarta-feira que tenha havido um abalo no discurso de combate à corrupção do governo Jair Bolsonaro após recentes denúncias de suspeitas de irregularidades em tratativas para a compra de vacinas contra Covid-19, ressaltando não ver clima para o avanço de um processo de impeachment do chefe do Executivo.

“Não, eu não acho isso”, disse sobre um eventual abalo no discurso contra a corrupção.

“O que acontece? O presidente falou ontem uma coisa que é certa, ele não tem condições de controlar tudo que está acontecendo dentro do governo. Isso é uma realidade. Então, compete a cada ministro controlar o seu feudo. E, se for detectada alguma coisa que está irregular, que se tome as providências de acordo com a lei, acho que isso é normal acontecer”, disse.

O vice-presidente minimizou o chamado “superpedido” de impeachment contra Bolsonaro que será apresentado nesta tarde pela oposição, que será robustecido com suspeitas relativas às compras de imunizantes do governo no enfrentamento da pandemia.

“Acho que não há espaço para prosperar um pedido de impeachment. Ontem, inclusive, o próprio ministro (do STF) Gilmar Mendes tocou nesse assunto na palestra que ele fez. Estamos aí a um ano e meio das eleições, então vamos deixar o processo prosseguir e chegar a outubro do ano que vem e ver o que acontece”, destacou.

Na véspera, Mendes havia dito que estava se naturalizando o instrumento do impeachment.

Nova denúncia

Questionado sobre novas denúncias que envolve a aquisição de vacinas e suspeitas de corrupção, Mourão –que tem sido alijado das principais decisões do governo por Bolsonaro– disse que se trata de um relato e que como só sabe do assunto pela imprensa não tem como avaliar.

“É aquela história, pode ter havido o fato aí. A realidade é o seguinte: existe a CGU, ela tem que acompanhar essa questão de contratos, acredito que ela fica de olho, não contrato de 50, 60 milhões, mas contratos aí grandes ela tem que estar em cima”, afirmou.

O vice-presidente também se esquivou de responder se afastaria do cargo o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-AL).

Em depoimento do deputado Luís Miranda (DEM-DF) à CPI da Covid no Senado, o parlamentar disse que em conversa com Bolsonaro em março o presidente teria mencionado o nome do líder relacionado às suspeitas de irregularidades na compra da vacina Covaxin.

“Isso aí é uma questão do presidente, tem que ver se é verdade isso aí, até que ponto realmente ocorreu aquilo que foi falado pelo denunciante na sexta-feira pela CPI. Ainda tem muita coisa para rolar”, destacou.

Questionado que providência tomaria se fosse presidente, Mourão respondeu que “hipoteticamente” encaminharia as suspeitas ao Ministério da Saúde para tomar providências.

Foi isso o que o governo Bolsonaro disse ter feito após o alerta do Luís Miranda e do irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda.

Senadores da oposição, entretanto, entraram com pedido no Supremo Tribunal Federal para investigar o presidente por possível crime de prevaricação.